Secretário defende medidas mais restritivas contra Covid-19
Campo Grande teve 928 casos de Covid-19 confirmados nas últimas 24 horas. Em todo Mato Grosso do Sul novo recorde, totalizando 1.503 novos diagnósticos. Assim, o Estado já soma 18.889 casos e 257 mortes na pandemia.
Os números foram repassados pelo secretário estadual de Saúde, Geraldo Resende, durante live promovida pela Comissão Especial em apoio ao Combate à Covid-19 da Câmara Municipal de Campo Grande, na manhã desta quarta-feira.
Leitos hospitalares foram abertos, mas a taxa de ocupação permanece próxima ao limite. Ele enfatizou a necessidade de ampliar as medidas restritivas para distanciamento social para tentar controlar o avanço exponencial da doença.
O debate contou ainda com a participação da diretora do Hospital Regional de Mato Grosso do Sul, Rosana Leite de Melo, que repassou informações sobre a ocupação de leitos, enfrentamento à doença em parceria com outros hospitais e dificuldade na aquisição de determinados medicamentos. Os vereadores Dr. Livio, Eduardo Romero e Delegado Wellington, com perguntas aos convidados e interação com o público pelas redes sociais.
“A doença avança de forma extrema, como se estivéssemos subindo de elevador até o 30º andar em apenas poucos segundos. A positividade é alta em Campo Grande, precisamos de outras ações para cessar grau de transmissibilidade, pois uma parcela significativa desses casos pode precisar de internação hospitalar”, disse o secretário Geraldo Resende. Ele ponderou que as decisões são tomadas respeitando o que for definido pelos prefeitos ou prefeitas de cada município.
O secretário citou que em Campo Grande há decisão da administração municipal de medidas mais rigorosas para garantir distanciamento social, as quais serão mantidas até dia 31 de julho. No entanto, ainda não provocaram efeito desejado. Neste domingo, quando somente serviços essenciais continuaram funcionando, a taxa de isolamento foi de 49%, pouca diferença em relação ao domingo anterior, de 43%. “Vamos ter que chegar a medidas mais duras, desde que tenhamos, de fato, a responsabilidade de entender que é melhor a gente fechar determinadas atividades econômicas do que abrir covas para sepultar nossa gente”, afirmou.
Ele citou que a Secretaria promove esse monitoramento por meio do Programa de Saúde e Segurança da Economia (Prosseguir), que é baseado em dez indicadores que definem o grau de risco dos municípios: disponibilidade de leitos de UTI, quantidade de equipamentos de proteção individual, disponibilidade de testes, busca por contatos de casos confirmados, redução da mortalidade por Covid-19, incidência na população indígena, redução de casos entre profissionais da saúde, redução de novos casos, fronteira ou divisa com estado que tenha aumento de casos e necessidade de expansão de leitos. Campo Grande aparece como risco extremo.
Leitos – Hoje, a taxa de ocupação de leitos críticos no Hospital Regional está em 90%, restando 5 leitos críticos adulto e um semi-crítico. No entanto, esse índice chegou a 97,7% no dia anterior, conforme informou a diretora Rosana de Melo, respondendo a questionamento do vereador Dr. Livio, presidente da Comissão. “Mais que dobramos nossa capacidade operacional em leitos críticos, o que envolve também recursos humanos”, disse. O Governo do Estado autorizou processo seletivo para contratação de mais profissionais e nos próximos dias mais 30 enfermeiros serão chamados.
Ela citou que a ocupação de leitos é muito dinâmica, sempre havendo transferências com a central de regulação. Hoje, segundo a diretora, o Hospital Regional está voltando quase totalmente para atendimento ao casos de Covid-19, sendo mantidos alguns serviços considerados essenciais para o tratamento de pacientes, a exemplo da oncologia clínica, mantendo a quimioterapia, e o setor de nefrologia, já que muitos pacientes de coronavírus também necessitam de hemodiálise. “Como estamos aumentando a curva, publicamos portaria que cancelaríamos todas as nossas cirurgias eletivas e só faríamos urgências e emergências”, afirmou.
O secretário também comentou sobre o desafio de abrir novos leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) no Estado. Foram 18 novos leitos no Hospital do Câncer, além de 37 em hospitais particulares. Ontem pela manhã, mais dez novos leitos foram abertos na Santa Casa de Campo Grande, exclusivos para receber pacientes com o novo coronavírus. Mais dez devem ser abertos no Hospital Universitário, com ventiladores e monitores que municípios tinham recebido do Ministério da Saúde. “Tudo isso, esses esforços das equipes, podem ser em vão, se não fizermos medida que leve a rompimento dessa cadeia de transmissão na Capital”, alertou Geraldo Resende.
O vereador Delegado Wellington questionou sobre pacientes de outros estados que estão sendo atendidos em leitos de Mato Grosso do Sul. O secretário informou que o acesso não pode ser negado, mas que para transferência pelo SUS (Sistema Único de Saúde) teria de passar pelo sistema de regulação. Há, porém, 10 pacientes de convênios em hospitais particulares, vindos de outros estados atendidos em Campo Grande, principalmente de Mato Grosso onde o sistema de saúde colapsou. O Governo do Estado também monitora a ocupação nos hospitais particulares, conforme garantido em lei.
Testes – Outra medida de enfrentamento é para assegurar que os exames ocorram em tempo mais ágil. O Lacen (Laboratório Central de Mato Grosso do Sul) chegou a capacidade máxima. O Estado buscou parcerias com instituições de São Paulo e Rio de Janeiro para dar celeridade a esses resultados para que os municípios possam fazer monitoramento e rastreamento dos casos positivos.
Para reforçar a testagem, o Governo também implantou ponto de teste rápido na Escola Estadual Lúcia Martins Coelho, localizada na Rua Bahia, 355, com o diferencial do funcionamento no período noturno, das 18h30 às 23h30. No local, são feitos 400 testes todos os dias.
Medicamentos – A diretora do Hospital Regional salientou que houve planejamento de compra, sendo que hoje não há falta de EPIs (Equipamentos de Proteção Individual) para funcionários. A dificuldade enfrentada é para aquisição de alguns medicamentos, para pacientes em sedação, mas a Aeronáutica disponibilizou avião e buscou as ampolas em outro Estado.
Em relação ao protocolo precoce de tratamento, que tem causado polêmica e foi tema de live na Câmara Municipal na semana passada, ela esclareceu as prescrições são feitas com base na relação médico-paciente, respeitando autonomia. “Ainda não temos verdades absoluta nessa pandemia. Evidências existem, mas não são suficientes para aval para esses medicamentos”, disse. Ele pode ser receitado pelo médico e o paciente assina o termo de consentimento, conhecendo os riscos e prováveis benefícios.
Comissão – A Comissão Especial de Apoio ao Combate da Covid-19 da Casa de Leis realiza live todas as quartas-feiras, às 9h30, com objetivo de levar informação para população e debater as ações de enfrentamento adotadas contra o Coronavírus. A comissão é composta pelos vereadores Dr. Lívio (presidente), Eduardo Romero, Pastor Jeremias Flores, Betinho e Delegado Wellington. Os debates são transmitidos pelo Facebook da Câmara e canal no Youtube.
As lives e acompanhamento dos casos continuam, mesmo com o recesso parlamentar, com suspensão das sessões ordinárias. Os vereadores salientaram a importância dessa união de esforços. “Essa pandemia só será vencida com a união de todos, poder público, sociedade. Não há solução mágica, cada um precisa fazer a sua parte”, disse o vereador Eduardo Romero.
O vereador Dr. Lívio agradeceu o esforço de todos os profissionais nos hospitais e lembrou que a Comissão acompanha a situação monitora os casos, a exemplo do Asilo São João Bosco, onde há 33 idosos com a doença, mas assintomáticos. No local, profissionais de saúde estão atendendo esses pacientes de forma voluntária e foi adotado o protocolo de tratamento precoce ao Covid-19, com uso de medicamentos.