Política

Importância dos fisioterapeutas no tratamento de pacientes com Covid-19 é destacado em live da Câmara

O atendimento de fisioterapeutas na atenção básica e nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) revelou-se ainda mais fundamental durante a pandemia de coronavírus.

Na manhã desta quarta-feira, a atuação destes profissionais, tanto no tratamento de pacientes com a doença como na reabilitação pós-Covid, foi detalhada durante live promovida pela Câmara Municipal de Campo Grande. O debate foi proposto pela Comissão de Saúde da Casa de Leis, presidida pelo vereador Dr. Sandro Benites.

Atualmente, são cerca de 450 fisioterapeutas atuando na terapia intensiva em Mato Grosso do Sul, sendo 270 apenas em Campo Grande. A informação foi repassada pelo presidente do Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional da 13ª Região (CREFITO 13), Renato Silva Nacer, fisioterapeuta, especialista em Ciências do Envelhecimento Humano, mestre e doutor  em Tecnologia e Saúde pelo programa de Pós-Graduação em Saúde e Desenvolvimento na Região Centro-Oeste, da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS). A live também contou com as contribuições do fisioterapeuta Cristiano Luiz Campos Mendes, especialista em Fisioterapia Cardiopulmonar e Docente do Curso de Pós-Graduação pela Faculdade Inspirar.

Nacer ressaltou a necessidade de mais profissionais para ampliar o atendimento. “Também não temos UTIs suficientes para atender a demanda de Covid, mas não culpo a Secretaria de Saúde”, disse o presidente, ressaltando a necessidade de conscientização pela população, pois muitos continuam se aglomerando e não respeitando as medidas de biossegurança. Ele ressaltou que os hospitais respeitam o quantitativo mínimo de fisioterapeuta nas UTIs, recomendado pelas normas reguladoras da Anvisa, mas ter um para cada dez leitos nem sempre é suficiente, pois são pacientes críticos.

O presidente enfatizou a importância de ter profissionais também na atenção básica. “Precisamos aumentar quantitativo na atenção básica e especializada”, disse, citando exemplo de paciente Pós-Covid, que possa estar acamado e precisa desse acompanhamento para retomar suas atividades como anteriormente e ser reintegrado à sociedade.

O vereador Dr. Sandro Benites ressaltou que já debateu essa necessidade com o secretário municipal de Saúde, José Mauro Filho, e que as UPAs (Unidades de Pronto Atendimento Médico) estão contando com profissionais na equipe. Ainda no começo da live, ele enfatizou que muitas UPAs viraram verdadeiras UTIs pela falta de leitos em hospitais, apesar de não estarem preparadas para esse atendimento. “Precisamos de estrutura física e de médicos capacitados para isso, mas estamos com leitos hospitalares lotados. Essa discussão busca mostrar a importância do fisioterapeuta durante internação do paciente, aumentando capacidade pulmonar e respiratória”, afirmou o vereador. Ele destaca a necessidade de tratamento multiprofissional, de uma equipe completa para tratar a doença.

Outro desafio é que atualmente cerca de 40% dos fisioterapeutas que atuam na UTI de Campo Grande já se contaminaram desde o início da doença e um profissional faleceu. “A cada caso, o profissional fica afastado dez dias e a equipe acaba sobrecarregada”, relatou Nacer.

Importância – O fisioterapeuta Cristiano Mendes ressaltou o desafio dos profissionais. “A fisioterapia é profissão nova, que vem ganhando respeito. Conseguimos mostrar a importância da fisioterapia respiratória e, muitas vezes, conseguimos evitar internação”, disse. Ele ressaltou que, em alguns casos, depois do tratamento, o paciente pode desenvolver síndromes metabólicas e precisa desse tratamento. “Na parte de UTI, nós já éramos peça essencial dentro do hospital, inclusive para tirar paciente com mais rapidez e evitar outras doenças”, disse, citando algumas atribuições como manejo dos respiradores e desmame do oxigênio, sempre acompanhado pelos médicos e demais integrantes da equipe.

Assim como outros profissionais de saúde, os fisioterapeutas relatam as dificuldades em lidar com uma doença nova, com muitos estudos ainda em andamento e que nem sempre têm características comuns para todos os pacientes. O fisioterapeuta Cristiano Mende relatou que vê de 20 a 30 tomografias por dia e é comum chegar uma pessoa na clínica com pai que pegou Covid. A pessoa pegou por ter contato, mas está saturando 97% de oxigenação e na hora que vai ver esta com 60% do pulmão comprometido. “Perguntamos se tem cansaço e a resposta é não. Têm particularidades da doença que desafiam a gente. Tem sido comum acontecer isso, de paciente não ter muito sintoma, passam de 3 a 4 dias e vem a piora significativa”, disse.

O vereador Dr. Sandro Benites ressaltou a importância de procurar assistência médica logo nos primeiros sintomas, solicitando tomografia. “O grande desafio da Covid é não ter característica comum em todos os pacientes. Tem idosos de 80 anos que não praticam exercício e tem forma leve, enquanto jovens que fazem exercício tem forma grave. São amplas as possibilidades. Hoje se sabe muito, mas quase nada da doença”, complementou o presidente do Crefito, lembrando que a presença de comorbidades está entre um dos fatores de influência para agravamento da doença.

A capacitação dos profissionais também foi um dos assuntos discutidos na live, considerando que todos saem capacitados dos cursos de graduação, mas há necessidade de experiência prática e educação continuada para atuar em áreas específicas, a exemplo da terapia intensiva. “Montamos curso de capacitação para profissionais de todo Estado. O papel do Conselho é proteger a população. O fisioterapeuta usa vários recursos na sua conduta, para fortalecimento muscular, treinamento muscular respiratório, mas todos devem ser prescritos por profissionais com experiência”, disse Nacer. Ele relatou que já houve denúncia ao Conselho de ventilação não invasiva sendo utilizada de forma indiscriminada.

O fisioterapeuta Cristiano Mendes complementou que o paciente precisa ter imagem radiológica, sintomas, relatos de cansaço, níveis de oxigenação abaixo do recomendado para determinados tratamentos de fisioterapia.

Alerta – Os profissionais fizeram ainda um alerta relacionado ao aumento de casos depois de datas festivas. “Depois das datas festivas, de 5 a 7 dias, os casos aumentam mais de 50%”, disse o fisioterapeuta Cristiano Mendes, com base nos atendimentos que sua equipe têm realizado. Ele citou o exemplo da atual situação no Estado, com aumento no número de confirmações e internações depois do Dia das Mães.

Campo Grande retornou à bandeira vermelha, que representa alto risco por Covid-19, conforme divulgação de dados do Prosseguir, pelo Governo do Estado, diante do aumento de casos. Com isso, o toque de recolher retorna das 21h às 5h. A atualização foi repassada na live pelo vereador Otavio Trad, presidente da Comissão de Legislação e Justiça. Continua vigente o decreto que mantém proibição do corte de fornecimento de água na pandemia.

Dados – Campo Grande já confirmou 102.358 casos confirmados da Covid-19 desde o início da pandemia. No período, 2.754 pessoas morreram. Atualmente, há 507 pessoas internadas, sendo 239 em leitos de UTI.

Na tarde desta quarta-feira (26), a Prefeitura de Campo Grande irá realizar a vacinação contra a Covid-19 em pessoas com comorbidades e com 59 anos ou mais e dará continuidade ao calendário de antecipação da segunda dose de Astrazeneca para as pessoas que se imunizaram até o dia 26 de março. Confira mais detalhes aqui.

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