Diretora do Conselho de Farmácia alerta para riscos do aumento de uso indiscriminado de medicamentos
O uso irracional de medicamentos corresponde a 27% dos casos de intoxicações atendidos nos hospitais do Brasil e a 16% das mortes registradas por este motivo. Os casos correspondem a até 20% dos custos nos hospitais.
Os riscos da automedicação foram abordados pela farmacêutica Kelle de Cássia Luz Slavec, diretora do Conselho Regional de Farmácia de Mato Grosso do Sul, durante a sessão ordinária, realizada de forma remota pela Câmara de Vereadores de Campo Grande nesta quinta-feira (27).
O convite para falar do tema na Palavra Livre foi feito pelo vereador Dr. Jamal, em decorrência do Mês do Uso Racional de Medicamentos.
“O farmacêutico tem papel de orientar e ajudar, contribuindo com o uso racional de medicamentos. Essa automedicação sem orientação gera custo grande”, alertou. Kelle complementou a importância das doses certas, horários e preços acessíveis para adesão ao tratamento, relembrando sobre as superbactérias, de difícil tratamento, porque as pessoas se automedicam com antibióticos sem necessidade, gerando as resistências.
Dados do Conselho Federal de Farmácia, apurados por meio de consultoria, avaliaram aumento das vendas de certos medicamentos durante a pandemia de coronavírus. Segundo ela, tendo como base as maiores porcentagens, no período de abril de 2020 até março deste ano, houve aumento de 857% nas vendas de Ivermectina, de 126% na hidroxicloroquina, 100% da Vitamina D. “Não vou entrar no mérito de comprovação científica, mas alertar a população dos malefícios que a automedicação irresponsável pode causar”, disse. Medicamentos para ajudar no controle da ansiedade e depressão também foram mais utilizados no período.
A representante do Conselho alertou que muitas pessoas têm em casa as “farmacinhas” e também acabam usando certos remédios por recomendações de vizinhos ou familiares. Além dos riscos à saúde, há preocupação ainda com o descarte incorreto dos medicamentos vencidos, jogados no lixo comum ou vaso sanitário, o que acarreta em problemas ao meio ambiente.
Ela recordou da existência de lei estadual que torna compulsória a coleta de medicamentos vencidos em farmácias e drogarias, as quais devem manter recipientes para o descarte destes remédios com prazo expirado. Pesquisa do Conselho de Farmácia mostrou, porém, que cerca de 70% dos brasileiros descartam esses remédios de maneira incorreta. Na região Centro-Oeste o percentual sobe para 85%.