Política

Com quadro preocupante, senadores ouvem ideias para educação pós-pandemia

Senadores e especialistas traçaram um quadro preocupante dos danos causados à educação pela pandemia da covid-19, em sessão temática remota nesta segunda-feira (12) no Plenário virtual do Senado. Diversas ações foram propostas para minimizar esses danos e impedir um prejuízo ainda maior nos próximos anos.

A sessão foi presidida pela senadora Leila Barros (PSB-DF), que elogiou as contribuições dos palestrantes, mas expressou inquietação com a situação do ensino no país:

— Eu, de certa forma, volto preocupada, mas volto motivada para buscar essas respostas junto com vocês — afirmou a senadora.

Wellington Fagundes (PL-MT) lembrou a necessidade de união:

— O grande desafio para essa educação híbrida é capacitar toda a comunidade da educação. O desafio está lançado para todos nós, governo federal, estaduais e prefeituras. Quero insistir que sem a união de todos jamais repararemos os enormes prejuízos resultantes de quase dois anos de escolas fechadas.

Ensino integral

Participaram da reunião representantes do Ministério da Educação (MEC) e de organizações não-governamentais ligadas à educação.

Zenaide Maia (PROS-RN) perguntou se haveria alguma forma de implantar o ensino integral nas escolas brasileiras sem aumentar os recursos da educação, diante das limitações impostas pela emenda constitucional do teto de gastos.

— É de fato uma modalidade mais cara, mas que tem resultados muito superiores. O custo em reais por aluno formado é melhor — explicou Ludmila Serpa, diretora de operações do Instituto Sonho Grande.

Os representantes do MEC listaram as ações que vêm sendo realizadas para minimizar o impacto da pandemia. Tomás Dias Sant’Ana, secretário de Educação Profissional e Tecnológica, citou o programa Qualifica Mais, que criou 6 mil vagas em cursos na área de tecnologias da informação e comunicação; Mauro Luiz Rabelo, secretário de Educação Básica, mencionou o programa Brasil na Escola, criado em abril, que investirá R$ 200 milhões em 5 mil escolas do ensino fundamental. Carlos Eduardo Sanches da Silva, coordenador-geral de Planejamento Acadêmico, Pesquisa e Inovação, falou do programa Alunos Conectados, que disponibilizou pacotes de dados a estudantes universitários para que eles possam acompanhar aulas por celular.

Educação híbrida

Formas de conciliar o ensino a distância — que não deixará de existir — com o ensino presencial foi um dos temas da sessão. O assunto foi tratado por Maria Inês Fini, presidente da recém-criada Associação Nacional de Educação Básica Híbrida (Anebhi), fundada para ajudar professores e gestores a se capacitarem para as novas formas de educação:

— Nós falamos das plataformas digitais como se pudéssemos desconhecer a realidade das famílias brasileiras. Criamos essa associação porque queríamos acolher os professores, que de uma sexta-feira para uma segunda-feira viraram YouTubers, atores de vídeo e tiveram que se transformar seu ensino com os meios que tinham. A escola brasileira está machucada — avaliou Maria Inês.

Inep

Entre as propostas discutidas na reunião, figurou a criação de carreiras de Estado para os servidores do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), da mesma forma como já ocorre com outras instituições de ensino, como o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). O instituto produz informações importantes para a tomada de decisões dos gestores, e para Adolfo Samuel de Oliveira, vice-presidente da Associação dos Servidores do Inep, a falta de uma carreira de Estado prejudica esse trabalho.

— A rotatividade de dirigentes é muito prejudicial, já que cada equipe nova demora um tempo para se inteirar. Para resguardar o interesse público, é necessário construir um arcabouço legal mais robusto, tornando o Inep uma autarquia sob regime especial, com carreiras de estado — expôs.

Danilo Dupas Ribeiro, presidente do Inep, garantiu que a gestão do instituto neste momento “é altamente técnica”:

— O fortalecimento institucional e a valorização dos servidores tornaram-se prioridades da nova gestão — assegurou.

Para Cláudia Mansani de Toledo, que assumiu há dois meses a presidência da Capes, órgão do Ministério da Educação, a transição para o ensino pós-pandemia “é uma construção coletiva”:

— O grande objetivo é estarmos ao mesmo lado. A educação é mais que um direito fundamental. É a grande premissa para o exercício dos demais direitos coletivos ou sociais que nos angustiam tanto.

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