Policiais civis mortos ao transportarem criminosos são sepultados
As delegacias de Campo Grande cancelaram o expediente nesta manhã (10) para que os policiais prestassem última homenagem aos dois colegas assassinados, enquanto carregavam suspeitos em uma viatura descaracterizada, no cruzamento da rua Joaquim Murtinho com a avenida Ricardo Brandão, região central da cidade.
Segundo a assessoria de imprensa da corporação, o atendimento será normalizado a partir das 13h30.
Durante coletiva de imprensa, na diretoria da Polícia Civil, localizada no Parque dos Poderes, delegados ressaltaram as investigações em curso, já que um dos suspeitos teria roubado uma joalheria. Na ocasião, dois estavam no carro e havia entre eles “um grau de parentesco”.
“Na verdade o Oséias [Silveira de Moraes] teria sido algemado para ser conduzido até a delegacia. Com o advento da nova lei de abuso de autoridade, os policiais passaram a tomar as cautelas que a lei assim determinou…a lei, na verdade, impede o emprego de algemas em pessoas que não demonstrem nenhum tipo de risco em policiais e também em simples suspeitos. Teria que estar ou em estado flagrancial ou, a exemplo do segundo conduzido, com mandado de prisão preventiva”, afirmou o delegado geral Marcelo Vargas.
Conforme Vargas, a polícia investigava uma ocorrência de roubo, ocorrida há mais de 15 dias. “Sabemos que não procedida uma busca pessoal em um deles. O primeiro foi algemado por conta do mandado….no carro, foram dois disparos certeiros…a rotina policial, no dia a dia, o policial fica com autonomia para saber se vai pedir apoio ou não. São as circunstâncias que vão determinar se ele pede uma viatura com compartimento”, comentou.
Após explicar os fatos, os policiais seguiram para o velório e sepultamento. No caso do policial Antônio Marcos Ramires Júnior, o Marcão, o sepultamento ocorreu em Coxim, às 9h. Já o colega Jorge da Silva, o Jorginho, foi sepultado às 10h30, na saída para Sidrolândia. Ambos possuíam 14 e 18 anos de experiência, sem “qualquer mácula e com grandes serviços realizados”, ressaltou Vargas.
Entenda o caso
Ozéias, suspeito de matar dois policiais civis, morreu nesta madrugada (10), no Jardim Santa Emília. Segundo as primeiras informações da polícia, ele reagiu à abordagem, houve confronto, acabou baleado e não resistiu.
Ozéias e um parente eram transportados em uma viatura descaracterizada pelos policiais Antônio Marcos Roque da Silva, de 39 anos, e Jorge Silva dos Santos, de 50 anos, lotados na Delegacia Especializada de Repressão a Roubos e Furtos (Derf).
Os policiais trabalhavam em investigação sobre roubos e furtos de celulares e conduziam os dois presos. Quando passavam na avenida Joaquim Murtinho, Ozéias teria atirado na cabeça dos dois policiais, matando-os e fugindo em seguida. Na fuga, ele ainda teria roubado dois carros. O outro preso foi recapturado em seguida, na Vila Nhá Nhá.
Antônio Marcos estava na Polícia Civil desde 2006 e Jorge Silva desde 2002. A Polícia Civil, Polícia Militar, a Polícia Rodoviária Federal e diversas entidades emitiram nota de pesar sobre a morte dos policiais.
*Por G1 MS