Polícia encontra novas vítimas de estuprador que atraiu mais de 50 garotas na internet
A perícia criminal descobriu que, além das 53 vítimas já contabilizadas pela polícia, mais adolescentes foram atraídas pelo homem de 46 anos, preso em Campo Grande pelos crimes de estupro e pedofilia. Ele foi levado para o presídio em agosto deste ano e, no decorrer do inquérito, a investigação pediu nova prisão preventiva dele e aguarda retorno judicial.
“Ele continua preso preventivamente e, neste último inquérito, também foi pedida a prisão dele. Estamos aguardando a manifestação judicial. Nós constatamos que, mesmo vindo na delegacia para prestar depoimento, ele continuou agindo e nós tivemos mais boletins de ocorrência. Além disso, a perícia mostrou que existem novas vítimas no celular dele e que não vieram na delegacia”, afirmou a delegada Marília de Brito, responsável pelas investigações.
Conforme a delegada, a polícia também aguarda novos pedidos de quebras de sigilo telefônico, por conta de indícios de material pornográfico infanto-juvenil, além de verificar um terceiro perfil nas redes sociais usado por ele. Além de Aisha e Vanessa dos Santos, ele também usava o codinome Angélica, em um perfil falso no Facebook.
Entenda o caso
Com esses codinomes, o homem criou perfis na internet e atraía vítimas na internet, sendo a menor delas uma menina de 11 anos e a maioria, adolescentes entre 13 a 15 anos. A polícia ouviu todas elas em depoimento especial e conseguiu delinear o perfil do suspeito, que usava o vídeo atribuído a uma facção criminosa para fazer ameaças e exigir fotos e vídeos delas nuas ou praticando masturbação.
Além da capital sul-mato-grossense, existem vítimas dos municípios de Bonito, Camapuã e Nova Andradina. Conforme a delegada Franciele Candotti, responsável pelas investigações, ele começou a fazer esses perfis no ano de 2018, “sendo mais assíduo no ano passado e sempre usando imagens de mulheres para enganar as vítimas”.
Após adicionar as possíveis vítimas, o homem vasculhava informações pessoais delas tanto no Facebook como o Instagram, como o local onde estudavam e nome dos pais, por exemplo. Em seguida, ele enviava mensagens e, em alguns casos, a conversa ia para o WhatsApp.
“Ele falava: oi, tudo bem, você estuda na escola tal? E, quando a vítima respondia, ele dizia: Que legal, eu também estudava lá até o ano passado. Em pouco tempo, quando a conversa evoluía, ele começava a fazer ameaças, exigindo que elas enviassem fotos e vídeos nuas, mostrando o vídeo de uma decapitação e dizendo ser ele a pessoa que faz isso, ressaltando que faria o mesmo caso elas não enviassem o que foi pedido”, comentou na ocasião Candotti.
Em depoimento, elas disseram que ficaram “apavoradas” com as ameaças e então enviavam o que ele pedia. “Quando nós da polícia recebemos o vídeo, rapidamente o identificamos como sendo de uma facção criminosa, logo quando começou a se falar em tribunal do crime. Porém, muitas delas acreditaram no que ele dizia, tanto que são mais de 50 vítimas”, ressaltou a delegada.
Suspeito também estuprou mulheres bêbadas, diz polícia
Ao instaurar inquérito, a polícia passou pouco mais de um ano fazendo buscas, ouvindo vítimas, até chegar ao suspeito. “A investigação foi bem complexa e continua sendo, porque ainda não finalizamos o inquérito. Muitas das vítimas nunca viram o suspeito, apenas conversaram na internet e, mesmo assim, enviaram as fotos intimas. Há alguns dias, fizemos busca e apreensão na casa dele, no Jardim Panorama, constatando também o estupro de mulheres bêbadas, o que também caracteriza o estupro de vulnerável”, disse Candotti.
Conforme a polícia, o suspeito possuía diversos aparelhos celulares e, em alguns deles, a polícia encontrou fotos das adolescentes nuas e também vídeos, no qual ele saiu de uma festa, levou mulheres para a casa dele e fez sexo com elas, mesmo estando bêbadas. “Nós estivemos na casa dele em novembro e ele continuou a fazer vítimas, da mesma forma, tanto que em junho e julho deste ano tivemos registros de boletins de ocorrência”, explicou a delegada.
Fazendo apenas bicos em lava-jatos ou atuando como servente de pedreiro, o suspeito não “levantava suspeita”. “Ele não é casado, não tem filhos e morava com os pais. No entanto, teve algumas namorados e possui antecedentes por violência doméstica. Eu fiz o indiciamento dele de um caso bem detalhado e a Depca [Delegacia Especializada de Proteção à Criança e o Adolescente] deve fazer o indiciamento de um inquérito só, no qual constam mais 33 vítimas”, afirmou Candotti.
Homem confessou que criou os perfis
Questionado sobre os fatos, o homem confessou que criou os perfis, porém, nega que tenha feito ameaças as adolescentes. Sobre o nome do perfil, ele disse que usou Aisha porque este era o nome da filha de uma ex-mulher dele.
Ele já está preso preventivamente, responde pelos artigos 240 e 241-B, do Estatuto da Criança e o Adolescente (ECA), que é de armazenar cenas e filmes e produzir cenas de sexo envolvendo menores de idade, além do estupro de vulnerável, com pena que pode chegar a 15 anos de reclusão.
*Por G1 MS