Imagens de câmeras de segurança vão confrontar versão de policial sobre morte dentro de cinema
Agiu em legitima defesa, foi essa a desculpa dada pelo cabo da Polícia Militar Ambiental Dijavan Batista dos Santos, de 37 anos, para a prática do homicídio dentro de uma sala de cinema do Shopping Avenida Center, em Dourados, na tarde de segunda-feira (08). Preso em flagrante pelos colegas de farda, o militar segue detido e deve passar por uma audiência de custódia nos próximos dias; também será afastado das atividades policiais e será alvo de um procedimento interno, podendo até mesmo ser expulso da corporação.
No seu depoimento aos investigadores, o policial relatou que estava com os filhos de 10 e 14 anos para assistir a um filme quando, já dentro da sala de cinema, Júlio César Cerveira Filho, de 43 anos, teria passado a abrir e fechar braços e pernas atingindo a criança de 10 anos. Em dado momento, o militar interveio e pediu para que Júlio parasse com a atitude e trocou de lugar com o seu filho.
A discussão entre os dois homens não parou. Segundo a versão apresentada pelo policial, a vítima o teria xingado e, após se levantar para deixar a sala de cinema, teria dado um tapa na criança de 10 anos. Júlio estava acompanhado da esposa e da filha, de 14 anos. Após ver a agressão, Dijavan avisou que iria chamar a polícia, mas foi agarrado pela vítima, que disse que os dois iriam resolver a situação ali mesmo.
Foi neste momento em que o policial identificou-se como cabo da PMA e retirou o revólver, uma pistola calibre .40, sem registro. Ainda na versão do assassino, Júlio teria tentado desarmá-lo, derrubando Dijavan, que revidou atirando contra o sujeito. O tiro acertou o peito e transfixou no pescoço. Júlio não resistiu e morreu no local, antes mesmo da chegada do socorro médico, que foi acionada pelo cabo, ainda conforme a sua versão.
O crime chocou a comunidade douradense, primeiro pelo motivo fútil, e segundo por ter ocorrido dentro de uma sala de cinema que estava repleta de crianças, haviam pelo menos 150 pessoas no momento do ocorrido. Após o tiro, todos saíram correndo e o shopping foi interditado pela polícia. Por muito pouco, a tragédia não foi pior.
O advogado que representa a família da vitima solicitou o exame de corpo de delito na criança de 10 anos para comprovar se ela foi mesmo agredida como relata o militar. A esposa e a filha de Júlio estiveram na delegacia, mas não conseguiram prestar depoimento por estarem ainda abaladas. As imagens gravadas pelas câmeras do cinema serão usadas na investigação.