Funtrab seleciona indígenas para trabalharem na colheita de maçã no Sul do país
Equipes da Funtrab (Fundação do Trabalho de Mato Grosso do Sul), responsável pela intermediação da mão de obra, estão percorrendo as aldeias para o cadastramento dos indígenas interessados em trabalhar na colheita de maçã nas empresas de Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
Essa ação vem sendo realizado desde 2015, por meio de uma parceria entre Governo do Estado, Ministério Público do Trabalho (MPT), Comissão Permanente de Investigação e Fiscalização das Condições de Trabalho e Coletivo dos Trabalhadores Indígenas. Para esta safra, as cinco empresas devem contratar cerca de 5 mil índios guarani-kaiowá e terena do Estado.
O encaminhamento dos trabalhadores indígenas para as empresas do Sul do país será feito em duas etapas. No final deste mês, eles trabalham na colheita da maça Gala e em março da variedade Fuji. E todos deixam Mato Grosso do Sul já com os contratos assinados e registrados.
Tudo é feito para dar segurança jurídica tanto para os trabalhadores indígenas como para as empresas. As contratantes pagam o mesmo salário-base (R$ 1.278,20), mas o rendimento bruto pode variar de acordo com outras vantagens oferecidas, como gratificação por produtividade, por exemplo, podendo chegar à casa dos R$ 3 mil. As contratantes arcam com o custo do transporte dos índios (ida e retorno), alimentação, alojamento e cesta básica.
Para o diretor-presidente da Funtrab, Enelvo Felini, a conquista dos índios de Mato Grosso do Sul desse importante mercado de trabalho reflete não só nas famílias deles, mas na economia do Estado. “O dinheiro que eles recebem pelo trabalho em Santa Catarina e Rio Grande do Sul eles gastam nas cidades onde moram, movimentando o comércio da cidade. É um trabalho importante que gera emprego, renda e desenvolvimento”, diz ele.
A maior parte dos índios é contratado para a colheita da maça, mas segundo o procurador do Trabalho Jeferson Pereira, as empresas estão aproveitando essa mão de obra também para outras atividades, como operar máquinas, na função de tratorista. E nesse caso, a Funtrab é responsável pelo treinamento dos trabalhadores e para isso as empresas interessadas informam com antecedência mínima de 30 dias quantas pessoas precisarão contratar e para que funções.
Todos os anos, essas empresas também contratam os guarani-kaiowá e terena de Mato Grosso do Sul para trabalharem no raleio das lavouras de maça, em meados do segundo semestre. O raleio é uma das práticas mais antigas na cultura da macieira sem a qual não seria possível produzir frutos de qualidade.
Quando muitos frutos se desenvolvem na planta simultaneamente, geralmente não adquirem adequado tamanho e qualidade no momento da colheita. Dessa forma, o raleio é necessário para ajustar o número de frutos na planta, de forma que os frutos restantes apresentem tamanho adequado à aceitação comercial.