Manifestantes pedem anistia a condenados de 8 de janeiro em ato na Afonso Pena
Na manhã deste domingo (16), um grupo de manifestantes se reuniu na Avenida Afonso Pena, em Campo Grande, para pedir anistia aos condenados pelos atos de 8 de janeiro de 2023, quando as sedes dos Três Poderes foram invadidas em Brasília. O ato faz parte de uma mobilização nacional convocada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, com a maior concentração ocorrendo no Rio de Janeiro.
Vestindo camisetas da seleção brasileira e carregando bandeiras e cartazes, os manifestantes exibiam mensagens pedindo liberdade de expressão, transparência nas eleições e o perdão judicial dos envolvidos nos atos de 8 de janeiro.

A concentração começou por volta das 9h, em frente ao Bioparque Pantanal. Cerca de 200 pessoas, segundo estimativa da Polícia Militar, ocuparam parte da avenida e interagiram com motoristas que passavam pelo local. Alguns distribuíram adesivos com mensagens sobre democracia e justiça, enquanto outros seguravam cartazes direcionados ao Supremo Tribunal Federal (STF).
O evento teve início com a execução do hino nacional e uma oração. Com temperaturas acima dos 29ºC, muitos manifestantes buscaram abrigo na sombra, enquanto outros se protegiam do sol com chapéus e roupas de manga longa.
Presença política e mobilização no Rio de Janeiro
Enquanto o ato acontecia em Campo Grande, políticos sul-mato-grossenses participaram da manifestação em Copacabana, no Rio de Janeiro, onde Bolsonaro discursou para seus apoiadores. Deputados federais e estaduais do PL, além da vice-prefeita de Dourados, marcaram presença no evento.
“Preso ou morto”
Durante discurso, o ex-presidente Jair Bolsonaro declarou a seus apoiadores que não pretende sair do Brasil. Ele também afirmou que poderá ser um problema “preso ou morto” e reforçou críticas ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
“Não vou sair do Brasil. A minha vida estaria muito mais tranquila se eu tivesse do lado deles. Mas escolhi o lado do meu povo brasileiro. Tenho paixão pelo Brasil”, afirmou Bolsonaro.
O ex-presidente também sugeriu que sua campanha na eleição de 2022 foi prejudicada por decisões de Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na época. “Não podia colocar imagem do Lula com ditadores do mundo todo”, disse ele.
Eleições de 2026 e futuro político
Bolsonaro afirmou que o pleito de 2026 “será conduzido com isenção” e que sua ausência na disputa representaria uma negação da democracia. “Eleições sem Bolsonaro é negar a democracia no Brasil. Se eu sou tão ruim assim, me derrote”, declarou.
Atualmente inelegível, o ex-presidente disse que seu grupo político tem nomes fortes para a disputa presidencial, ao contrário da oposição. No entanto, ele repetiu a ideia de que poderia concorrer novamente. Em 2026, o ministro Kassio Nunes Marques, indicado por Bolsonaro ao Supremo Tribunal Federal (STF), assumirá a presidência do TSE, responsável pela condução das eleições.
O ato no Rio de Janeiro reuniu milhares de apoiadores e contou com a presença de políticos aliados, enquanto manifestações menores ocorreram em outras cidades do país.
O debate sobre a anistia
Desde os ataques de 8 de janeiro de 2023, que resultaram em centenas de prisões, grupos políticos pedem anistia aos envolvidos. Até o momento, 371 pessoas foram condenadas pelo STF, enquanto outras 527 firmaram acordos com o Ministério Público Federal (MPF) para evitar o processo criminal.
A proposta de anistia defendida por parlamentares da oposição está em debate no Congresso e pode beneficiar não apenas os manifestantes, mas também figuras políticas investigadas no caso. O projeto, no entanto, enfrenta resistência dentro do próprio Legislativo e de setores do Judiciário.
Os eventos deste domingo mostraram que o tema continua mobilizando grupos em diferentes partes do país, com atos organizados para pressionar o Congresso e o STF sobre o futuro dos envolvidos nos ataques às sedes dos Três Poderes.