Vinicíus contou com expertise militar para conseguir transplante em SP
Com 17 anos de idade e muita história para contar, Vinícius é um sobrevivente. Logo na primeira infância ele apresentou os primeiros problemas de saúde, mas o diagnóstico de insuficiência renal veio tardio, aos 12 anos. Do dia que o jovem entrou na fila por um transplante até a data da cirurgia foram mais de um ano e meio de espera. E a batalha por uma nova vida só chegou ao fim com vitória graças ao apoio do Grupamento Aéreo da Casa Militar do Governo de Mato Grosso do Sul.
O telefone de Sandra, mãe de Vinícius, tocou em 19 de setembro de 2019 depois do almoço com um notícia que mudaria para sempre a vida do garoto. Do outro lado da linha, a enfermeira explicava que tinha acabado a espera de Vinícius por um transplante renal. A alegria foi instantânea. Mas imediatamente bateu o desespero. Em poucas horas eles tinham que viajar de Corumbá até São Paulo para garantir a cirurgia.
Nem a família do jovem e nem o município tinham condições de fazer um rápido transporte. E só depois de algumas ligações e contatos entre a equipe multidisciplinar do Hospital Universitário da UFMS, que cuidava do paciente, com a Central Estadual de Transplantes é que Vinícius conseguiu a viagem ao Estado vizinho. “Desse contato surgiu a Casa Militar. Graças aos militares conseguimos fazer a viagem a tempo. Sem essa ajuda não teria tido o transplante, que foi um sucesso”, conta Vinícius.
Chovia muito em Mato Grosso do Sul no dia em que Vinicius tinha que estar em São Paulo para fazer o transplante. Por causa do mau tempo, a viagem foi complicada para os tripulantes, que em momento algum pensaram em desistir da missão humanitária. A experiência e a capacidade técnica da tripulação garantiram o transporte da família em segurança. “Nos dedicamos e conseguimos realizar a missão de forma segura. Hoje, o Vinicius está aqui podendo contar essa história feliz para todos”, lembra o piloto de avião nove meses depois de cumprir a operação, major Fábio Gonçalves.
Hoje, 32 militares entre pilotos, copilotos, mecânicos e administrativos integram a equipe do Grupamento Aéreo que realiza, entre outras missões, as ações humanitárias de transporte de órgãos e de pessoas aptas para cirurgias. No Brasil, quem define a lista de transplantes é a Central Nacional de Transplante (CNT), que fica em Brasília (DF), e órgãos coletados em Mato Grosso do Sul podem ser implantados aqui ou em outros estados.
“Uma vez um fígado retirado aqui em Mato Grosso do Sul foi para o Acre. Os militares passaram uma noite toda viajando para salvar uma vida”, recorda Claire Miozzo, coordenadora da Central Estadual de Transplantes de MS, ligada a Secretaria Estadual de Saúde (SES). Na avaliação dela, um dos principais elos dessa corrente de solidariedade é a família do doador, que escolhe fazer a doação em um momento de dor e perda.
De janeiro a maio de 2020, conforme dados da SES, três corações, 15 rins e 77 córneas foram transplantados em hospitais de Mato Grosso do Sul. Outros dois corações, nove fígados 12 córneas e 20 rins foram enviados daqui para outros estados. “Esse trabalho nos motiva a avançarmos na captação de órgãos. Nossas equipes estão preparadas para atender não só pacientes do Estado, mas também de todo o Brasil. Queremos avançar para, no futuro, também termos transplante de fígado aqui, que exige mais complexidade e estrutura”, destaca o titular da pasta, Geraldo Resende.