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Vídeo: O último aniversário de dona Zilda Vianna

Um bolo, um violão, pessoas batendo palmas e desejando parabéns. Lendo assim não parece ser a descrição do último parágrafo de um romance, porém, foi o último vivido pela senhora Zilda Verdum Vianna ao longo dos 71 capítulos escritos em sua vida.

A idosa estava internada na Santa Casa de Campo Grande desde o início do mês de outubro, lutando contra as complicações impostas por um Acidente Vascular Cerebral (AVC). Quis o destino que o aniversário caísse exatamente nesse meio tempo de internação.

A lucidez é uma dádiva produzida por Deus, ora, não foi o próprio que disse “Podes escolher segundo tua vontade, porque te é dado”/. Diante dos desafios que a vida impõe, fazer a escolha correta é um privilégio para poucos.

Dona Zilda foi recompensada, talvez pelo exercício de sua fé praticado ao longo dos anos, e fez a escolha final dizendo aos médicos que não gostaria de ser intubada e menos ainda de ser condenada a ficar acamada pelos anos seguintes.

Antes que o seu quadro clínico evoluísse para algo pior, lhe comprometendo a lucidez, a idosa decidiu por vontade própria pontuar o final de sua vida ali mesmo.

O enfermeiro que a acompanhou de perto desde então, Matheus Vieira Lima, citou que a viu de pé e consciente quando deu a entrada médica no início do mês. “Elogiava a equipe e era sempre muito educada e agradecida por tudo e todos”, contou.

Com os dias avançando feito uma ressaca marítima, incontrolável e imparável, o AVC progrediu e a saúde de dona Zilda ficou comprometida ao toque do irreversível. “Ela preferiu que Deus a levasse sem necessidade de entrar com medidas invasivas”, comentou o enfermeiro sobre a decisão da paciente de não ser intubada.

Enquanto desfrutava da vida, o aniversário de dona Zilda chegou e a mesma ganhou uma modesta festinha no seu leito clínico. O intuito era trazer um pouco de alegria e conforto e de tentar mostrar que a enfermagem está presente e sensibilizada com a situação da paciente.

Com um violão, um bolo e velas cor de rosa que anunciavam a chegada dos 71 anos de vida, Zilda pôde celebrar toda a trajetória de sua vida até aquele presente momento. Você já imaginou como quer estar quando a idade lhe faltar com opções de escolha?

“Nesse dia ela estava completando seus 71 anos e infelizmente viria a óbito devido a evolução negativa do caso. Mas queríamos, naquele momento, manter a alegria, o carinho e o acolhimento que a paciente tinha em seu momento de orientação antes da progressão da doença”, disse o enfermeiro.

A última melodia ouvida pela paciente foi a canção ‘Noites Traiçoeiras”, conhecida pela versão do padre Marcelo Rossi. Sobre a música, o enfermeiro explicou que o que acalentaria a família nesta situação seria ou trecho que diz ‘O mundo pode fazer até você chorar, mas Deus te quer sorrindo’.

A família também esteve presente na celebração e agradeceu pelo carinho e atenção depósitadas. “Fiquei muito emocionada pela homenagem que a equipe fez pela minha mãezinha, pelo carinho e atenção que todos tiveram comigo e com ela nesses dias. Peço que Deus abençoe grandemente toda a equipe”, afirmou Daniella Vianna, a filha de dona Zilda. “Eu sei que ela muito feliz pela homenagem linda que fizeram”, complementou.

Zilda faleceu no dia seguinte.

Veja o vídeo da festa divulgado pela assessoria de imprensa da Santa Casa:

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