Superestimamos o Covid-19
“Esse vírus só sobrevive no tempo frio”; “Essa doença não vai chegar no Brasil”; “Aqui é muito quente, não é igual a Europa”; “É só uma gripezinha”; “Só faz para mal para quem está muito velho ou tem outras doenças”; “Eu tenho uma saúde de ferro, isso não pega em mim”; “Não preciso usar a máscara, sou muito jovem”; “Qualquer coisa agora é coronavírus”.
Tenho certeza de que você, leitor amigo, disse ou ouviu de alguém pelo menos uma dessas frases citadas no parágrafo acima. Há pouco mais de um ano, a Organização Mundial da Saúde (OMS) ganhava as manchetes mundiais ao decretar a pandemia global por conta do descontrole do novo coronavírus (Covid-19).
Lá no início seus amigos mais próximos e você assistiam ao crescimento dos números da doença nos países asiáticos e europeus e, naquelas conversas de rodas de tereré, os comentários eram sempre no sentido de superestimar a força do vírus e seus efeitos, especialmente de quando chegasse ao Brasil.
Muitos de nós não acreditavam que o Covid-19 chegaria ao ponto em que está no tempo presente. São mais de 12 milhões de infectados no País. Mais ainda, tínhamos fielmente a certeza de que tão logo surgiria um medicamento capaz de curar a todos, algo que até hoje não aconteceu na plena convicção da ciência.
E mesmo quando os primeiros casos começaram no Brasil nós ousamos continuar incrédulos com o poder do Covid. Foi tudo muito rápido, como uma fagulha lançada num pasto de mato seco, o incêndio que era pouco logo se espalhou e tomou conta de toda a vegetação, com proporções altas e incontrolável.
Agora, prestes a atingir a triste marca de 300 mil mortes provocadas pelo Covid-19, o Brasil se encontra no pior momento da doença desde então. O número de Estados com a falta de leitos de UTI aumenta a cada dia da mesma maneira que o registro de novos casos bate recordes atrás de recordes. O que podemos fazer?
O Poder Público se vê cercado por um jogo de interesses, onde cada um defende o que é melhor para si sem se preocupar com o teu próximo. A vacina vai sendo aplicada em ritmo lento e, mesmo com todo este cenário, ainda há àqueles que persistem em questionar a força do Covid-19.
O vírus sobreviveu ao clima quente do Brasil, mais do que isso, evoluiu e a variante está sendo esparramada pelo mundo da mesma forma como tudo começou, lá na China. E o que era ‘apenas uma gripezinha’ destruiu famílias e deixou marcas, levando gente de todas as idades, com ou sem enfermidade, dos mais debilitados aos ditos saudáveis.
O erro do brasileiro foi superestimar o desconhecido, aliás, continua sendo até agora. Diante do caos, de um Poder Público que não age de forma eficaz para controlar o contágio e de uma população absurdamente individualista, nos resta apenas a oração por dias melhores, para que nossos pares sobrevivam e que tudo volte logo aos tempos de outrora.