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STF suspende nomeação de Alexandre Ramagem para direção da PF

A nomeação de Alexandre Ramagem, ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), para chefiar a Polícia Federal foi suspensa pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). A decisão é em carácter de liminar e foi despachada nesta quarta-feira (29) atendendo a um pedido do PDT.

“Defiro a medida liminar para suspender a eficácia do Decreto de 27/4/2020 (DOU de 28/4/2020, Seção 2, p. 1) no que se refere à nomeação e posse de Alexandre Ramagem Rodrigues para o cargo de Diretor-Geral da Polícia Federal”, escreveu Moraes no despacho.
Na decisão, Moraes citou as alegações do ex-ministro de Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, de que o presidente da República, Jair Bolsonaro, queria “ter uma pessoa do contato pessoal dele” no comando da PF, “que pudesse ligar, colher informações, colher relatórios de inteligência”. A denúncia foi feita por Moro durante a coletiva de imprensa em que anunciou sua demissão do cargo, na sexta-feira (24).

“Tais acontecimentos, juntamente com o fato de a Polícia Federal não ser órgão de inteligência da Presidência da República, mas sim exercer, nos termos do artigo 144, §1o, VI da Constituição Federal, com exclusividade, as funções de polícia judiciária da União, inclusive em diversas investigações sigilosas, demonstram, em sede de cognição inicial, estarem presentes os requisitos necessários para a concessão da medida liminar pleiteada”, segue a decisão.

Conforme o ministro, a função do poder Judiciário é impedir atos “incompatíveis” com a Constituição e que nomeações para cargos públicos devem respeitar os princípios da moralidade, impessoalidade e interesse público. “Logicamente, não cabe ao poder Judiciário moldar subjetivamente a administração pública, porém a constitucionalização das normas básicas do Direito Administrativo permite ao Judiciário impedir que o Executivo molde a administração pública em discordância a seus princípios e preceitos constitucionais básicos” completou Moraes.

Alexandre Ramagem é uma pessoa próxima da Família Bolsonaro. Foi peça fundamental na vitoriosa campanha de 2018 e desde a posse do presidente já foi assessor dos ministros Santos Cruz e Luiz Eduardo Ramos na Secretaria de Governo e diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin).

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