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Servidores perderam companheiros de trabalho para Covid e encaram o dia a dia como missão

“Medo é um sentimento que temos desde o início da pandemia. Nós sabemos que o perigo é real. Uma colega de trabalho morreu de Covid, e com essa perda, esse medo aumenta ainda mais”. O relato  da auditora fiscal da Vigilância Sanitária, Fabiana Marim de Amante Fior, descreve um  pouco do sentimento de quem tem, no dia a dia, a missão de tentar conscientizar a população da importância de não colocar a sua vida e a do próximo em perigo.

“Ninguém quer sair da segurança da sua casa até a madrugada e deixar sua família para correr perigo, sabendo que vamos ter que entrar em locais onde as pessoas estão sem máscaras”, continuou. Fiscal da Vigilância Sanitária da Prefeitura desde 2009, ela é uma das 60 profissionais que estão na linha de frente no combate à Covid-19 desde o início da pandemia, em março do ano passado. Durante esse tempo, esteve em todas as ações da força-tarefa para combater o descumprimento das regras de biossegurança de prevenção ao contágio do coronavírus em Campo Grande.

Na avaliação de Fabiana, os comerciantes e empresários estão conscientes da importância das medidas de prevenção à disseminação do vírus, mas ainda existem pessoas que insistem em não respeitar e até tiram sarro. “Existem aqueles casos onde nos deparamos com o desrespeito durante as fiscalizações. Somos motivo, inclusive, de chacota por parte deles, xingam a gente, maltratam e sofremos até brincadeiras da própria população. Gritam frases duras, se irritam e mandam a gente parar de fazer nosso trabalho. Às vezes, é muito tenso entrar em um local. Mas essa é a nossa missão e estamos fazendo isso para proteger a nossa população”, disse.

Ao recordar as diversas situações em que as equipes são tratadas com hostilidade durante as fiscalizações, a auditora diz que entende que o empresário sofre há mais de um ano e meio com essa situação, porém, reforça a necessidade do respeito a regras.

“Entendemos o lado deles. Sabemos que não apenas a saúde, mas também a economia foi afetada na pandemia. Mas precisamos assegurar a saúde e que o funcionamento destes locais não coloque em risco a vida das pessoas. Muitos ainda não entenderam que estamos aqui para ajudar a nossa cidade. Saímos do nosso lar não para penalizar o comerciante, pelo contrário, a intenção é orientar como devem proceder neste momento, para garantir que eles continuem de portas abertas. Pois quando é preciso adotar medidas mais restritivas, todos sofrem, tanto aqueles que seguem as regras, quanto quem não se preocupa com as consequências”, avaliou.

Um ótimo exemplo a ser seguido é da empresária Fabiane Forte, proprietária de um bar no centro da cidade.Ela avalia que a fiscalização é primordial. “O estabelecimento que segue todas as medidas não têm o que temer. No meu caso, chegam e fiscalizam tudo e está tudo bem. Nós entendemos que é um momento difícil, mas estamos conseguindo enfrentar de cabeça erguida, até que toda a população esteja vacinada e tudo volte ao normal. Estamos à frente da maioria das capitais na imunização. Cada lado precisa ter paciência e respeitar o papel de cada agente, inclusive daqueles que fiscalizam a gente”, declarou.

Atualmente, Campo Grande atingiu a marca de 41% da população que recebeu a primeira dose da vacina, sendo mais de 375 mil pessoas já imunizadas.

Adriane Saliba Orro também é auditora fiscal da Vigilância Sanitária. Para ela, o que mais lhe causa impacto durante as ações são as realizações de festas clandestinas. “A gente vê que ainda existe uma parcela de pessoas que insiste em desrespeitar as medidas. Parece que tantas vidas perdidas não fez com que caíssem na real, de que a doença existe e o contágio é muito rápido e fácil de acontecer”, disse.

Na linha de frente, ela deixa um recado à população: “A minha recomendação é  que a população entenda a gravidade da situação. A doença está chegando cada vez mais perto e a cada variante a gente vê como o contágio é algo que acontece muito fácil. Evitem aglomerações. Só isso pode ajudar. Quanto mais rápido conseguirmos eliminar a contaminação desse vírus, mais rápido eles poderemos todos voltar ao ritmo normal de trabalho, inclusive o setor de entretenimento, que é também muito importante para a sociedade”, concluiu.

Operação Fim de Festa

Durante os dois últimos finais de semana de ações dessa força-tarefa, 1.939 locais foram fiscalizados, 35 receberam autos de infração e 25 foram interditados por desrespeito ao Decreto Municipal nº 14.763.

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