Sem previsão de chuvas, combate aos focos tem sete frentes
Com previsões meteorológicas indicando maior concentração de chuvas em algumas regiões de Mato Grosso do Sul somente a partir do dia 20 de outubro, o tempo seco e a baixa umidade relativa do ar continuam sendo os maiores desafios da força-tarefa criada pelo Governo do Estado para combater os incêndios florestais, especialmente no Pantanal.
O esforço do Estado para controlar os focos de calor, que se propagam pelas condições climáticas extremas, reúne a maior estrutura humana e de aeronaves já criada em Mato Grosso do Sul para esse tipo de ação em defesa do meio ambiente e das comunidades que se instalaram ao longo dos rios.
São mais de 400 homens e mulheres, entre militares e civis, sete aeronaves e dezenas de viaturas de médio e grande porte. Atualmente, essas forças, que compõe a Operação Pantanal II, sob a coordenação da Marinha e do Governo do Estado, se concentram em sete bases estratégicas para facilitar deslocamentos e ações rápidas, a maioria no Pantanal de Corumbá.
Sete frentes de combate
Bombeiros de Mato Grosso do Sul, do Paraná e Santa Catarina e brigadistas da Força Nacional, Marinha, Exército, Ibama e ICMbio, além de voluntários de entidades não-governamentais, estão distribuídos em Corumbá (cidade), Serra do Amolar , Fazenda Bodoquena (combate no Parque Estadual do Rio Negro), Estrada-Parque, Porto Esperança e região Nordeste/Leste do Estado, onde ocorrem incêndios em florestas plantadas e parques estaduais do Taquari e Ivinhema).
Durante live transmitida pelo Governo do Estado, por meio da Semagro (secretaria estadual de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar), na tarde desta quinta-feira, o tenente-coronel bombeiro Waldemar Moreira informou que de janeiro até esta data foram registrados 42.193 focos de calor nos pantanais de Mato Grosso do Sul e Mato Grosso.
Destes, 7.176 se concentraram em Corumbá, maior município do Estado e com maior área do Pantanal, representando 36,7% do total. Na sequencia, aparece Poconé (MT), com 4.630 focos (23,7%), e Barão do Melgaço (MT), com 3.657 (18,5%). O total de área queimada no Pantanal corresponde a 21,8% de sua área, sendo o bioma mais impactado, embora em terceiro em números de focos. Primeiro, Amazônia, depois, Cerrado.
“Apesar desses números alarmantes, que demonstram a gravidade de uma seca recorde, os esforços governamentais e da sociedade civil tem conseguido ainda preservar mais de 78% do Pantanal, mesmo em regiões onde o combate é difícil pela distância, falta de acesso e tipo de topografia, como a região do Amolar”, explicou o tenente-coronel Moreira.
Ivinhema: chuva reduz focos
O oficial relatou que em Naviraí, onde se concentra uma tropa de combate aos focos, a chuva ajudou a reduzir a força incontrolável dos incêndios no Parque Estadual das Várzeas do Ivinhema. Não ocorreram, no entanto, precipitações no Pantanal, exceto na área urbana de Corumbá, onde, na quarta-feira, choveu apenas 0,6 milímetros.
Ao participar da live, o contra-almirante Sérgio Guida, comandante do 6º Distrito Naval da Marinha, com sede em Ladário, disse que a Operação Pantanal II vem logrando êxito no combate e prevenção aos focos de calor em todo o bioma. Salientou que a extinção dos incêndios somente ocorrerá com chuvas volumosas, devido à intensidade da estiagem na região.
“Estamos com uma grande força em campo, onde a Marinha apoia não apenas com tropa mas colocando aeronaves para deslocamento de brigadistas para áreas de grandes distâncias, e devemos manter atenção redobrada na Serra do Amolar, onde a operação está com mais de 40 combatentes e aeronaves. A prevenção deve ser o foco”, observou.
A coordenadora do Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima (Cemtec), Franciane Rodrigues, também contribuiu com o balanço apresentado pela Marinha e Corpo de Bombeiros durante a livre, apresentando prognósticos climáticos para o segundo semestre de outubro. Segundo ela, as chuvas mais intensas devem ocorrer nas regiões Sudoeste e Sul (30 milímetros acumulados), a partir do dia 20.