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Sem leitos na Capital, crianças no aguardo de vagas podem ser transferidas para outros estados

Crianças e adolescentes que estão aguardando por uma vaga hospitalar em Campo Grande poderão ser transferidos para outras cidades de Mato Grosso do Sul e até mesmo para outros estados do País. Pelo menos foi isso que recomendou o Ministério Público (MPMS) à Secretaria Municipal de Saúde (Sesau) durante reunião para tratar da falta de leitos pediátricos e de UTI pediátrica.

Segundo a coordenadora do Núcleo de Apoio Especial à Saúde (Naes), a Promotora de Justiça Daniela Guiotti, a Prefeitura Municipal de Campo Grande tem ciência da grave situação de falta de leitos clínicos pediátricos, mas não adotou nenhuma medida efetiva para aumentar esses leitos nos últimos três anos.

“O MPMS tem cobrado medidas urgentes e efetivas de aumento de leitos pediátricos e de UTI pediátrica na Capital, porém, o que se constata é a permanência de crianças por dias em UPAs, CRS e prontos-socorros dos hospitais no aguardo de leitos para o devido tratamento das enfermidades”, afirmou a responsável.

O Ministério da Saúde define que o paciente precisa ser transferido, obrigatoriamente, para um hospital depois de 24 horas de internação em uma Unidade Básica de Saúde (UBS), Centro Regional de Saúde (CRS) ou Unidade de Pronto Atendimento (UPA). Esses locais não possuem estrutura para manter um atendimento por mais de um dia.

Segundo a versão da Sesau, foi autorizado o remanejamento de pacientes pediátricos para unidades de saúde que possuem médico pediatra, caso não seja possível encaminhamento para hospital, diante da falta de leitos. Apesar disso, o MPMS notificou o Município para a elaboração de um plano emergencial de internação de crianças.

Essas crianças e adolescentes que estão aguardando pela vaga deverão ser transferidos para leitos da rede privada e, na falta destes, para outros municípios e, caso ainda seja necessário, encaminhados para hospitais em outros estados do Brasil, “garantindo-se a remoção de crianças e de seus responsáveis por UTI aérea”, destacou o MPMS.

Além disso, a recomendação cita que o Município deverá organizar seus serviços para aumentar, de forma permanente, a oferta de leitos clínicos pediátricos e de UTI pediátrica. Procurada, a Prefeitura de Campo Grande ainda não se manifestou sobre o assunto e não confirmou se vai atender ao pedido do órgão.

Situação de Emergência na Saúde

Campo Grande está em ‘situação de emergência’ na saúde pública desde o último sábado (26). Como parte das ações, a campanha de vacinação contra a gripe foi liberada para toda a população para conter o avanço de casos da doença. Segundo o balanço, 69.291 doses da vacina contra a Influenza já foram aplicadas em Campo Grande.

Destas, 45.276, são do grupo prioritário, sendo 6.472 doses aplicadas em crianças, 37.834 em idosos e 970 em gestantes, grupos cujas doses são consideradas válidas para o cálculo de cobertura vacinal pelo Ministério da Saúde. Atualmente, a cobertura vacinal está em 18,52%, com base em uma população-alvo estimada em 238.016 pessoas.

Sem leitos no SUS

Na terça-feira (29), a Sesau registrava 186 pacientes adultos e 43 crianças esperando por leitos hospitalares. A taxa de ocupação de leitos atingiu 100% e não há mais onde colocar novos pacientes para recuperação e tratamento das enfermidades, especialmente com doenças gripais.

O balanço apresentado pela manhã informou ainda que nas Unidades de Terapia Intensiva (UTI) Neonatal, todos os 49 leitos existentes já estão ocupados e não há previsão de alta para liberação de vaga neste momento. A realidade também se repete em relação aos leitos de Centro de Terapia Intensiva pediátricos, que tem 24 leitos em uso.

No caso dos pacientes adultos, são 18 aguardando por leitos apenas na Santa Casa, que é o maior hospital público de Mato Grosso do Sul. No Hospital Regional, outros 18 pacientes estão à espera e, no Hospital Adventista do Pênfigo, todos os dois únicos leitos conveniados ao Sistema Único de Saúde (SUS) já estão ocupados.