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Sem dinheiro nem para comprar remédios, Santa Casa restringe cirurgias

As cirurgias eletivas, aquelas que não são de emergência ou urgência, estão suspensas na Santa Casa de Campo Grande. O motivo, mais uma vez, é a falta de dinheiro no caixa da Associação Beneficente de Campo Grande (ABCG), mantedora do hospital público, que voltou a alegar não estar recebendo os repasses da Prefeitura Municipal de Campo Grande e do Governo do Estado. De acordo a entidade, são aguardados R$ 24 milhões dos poderes públicos.

Diante deste quadro, desde a última sexta-feira (25) as cirurgias que não são classificadas como urgentes e de emergência deixaram de ser realizadas no hospital. De lá para cá, já foram 34 procedimentos cancelados.

De acordo com a assessoria da ABCG, por dia são realizadas até 50 operações eletivas, podendo chegar a 250 por semana. Diariamente, a Santa Casa recebe de 150 a 200 pacientes, a maior parte precisando passar por algum tipo de cirurgia. Por semana, o hospital gasta R$ 1 milhão em medicamentos e insumos.

“Só temos material para mais uma semana, por isso decidimos paralisar”, disse Esacheu Nascimento, presidente da ABCG, em coletiva de imprensa na manhã desta terça-feira (29).

Além da falta de estoque de material e remédios, a Santa Casa está com problemas no que diz respeito ao contrato de médicos autônomos e via CNPJ, que estão sem receber os pagamentos de julho, agosto e setembro e ameaçam entrar em greve a qualquer momento, paralisando o hospital por tempo indeterminado.

Conforme expôs, a Santa Casa tem recursos referentes aos meses de julho, agosto e setembro para receber do Governo e da Prefeitura de Campo Grande, sendo que o Estado deve R$ 8,7 milhões e a Prefeitura R$ 6,9 milhões por atendimentos já feitos e outros R$ 3 milhões para pagar por serviços de alta complexidade. O hospital tem ainda tem mais R$ 6 milhões para receber do Funserv (Fundação da Seguridade Social dos Servidores Públicos Municipais de Campo Grande) por atendimentos prestados a servidores de março a agosto deste ano.

Esacheu Nascimento citou que a Prefeitura da Capital depositou há duas semanas a quantia de R$ 1 milhão e mais R$ 1,3 milhão na segunda-feira (28). Esse montante será usado para comprar medicamentos e material para procedimentos cirúrgicos, mas não é o suficiente para retomar as cirurgias eletivas. O presidente garantiu que já acionou o Ministério Público Estadual (MPMS) e demais órgãos competentes para que as medidas cabíveis sejam tomadas.