São Paulo comunica primeiro caso da varíola dos macacos do Brasil
Foi confirmado nesta quarta-feira (08) o primeiro caso de varíola dos macacos no Brasil. O paciente é da cidade de São Paulo, sendo um homem de 41 anos que viajou à Espanha. Ele apresentou o início dos sintomas, de febre e mialgia [dor muscular], no dia 28 de maio. De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, ele foi colocado em isolamento no Instituto de Infectologia Emílio Ribas, na Zona Oeste da capital. Apesar da confirmação, a Secretaria disse que “as amostras do caso ainda estão em análise pelo Instituto Adolfo Lutz”.
A secretaria municipal da Saúde disse que ainda “aguarda o resultado do exame, pelo Governo do Estado, do segundo caso suspeito de varíola do macaco (monkeypox) na capital”, que trata-se de um homem de 41 anos e que passou por Portugal e Espanha no mês de maio.
Além deste caso, a Prefeitura de São Paulo informou que monitora o estado de saúde de uma mulher de 26 anos, sem histórico de viagem ao exterior, hospitalizada com suspeita de ter contraído a doença. Familiares e pessoas próximas à ela também estão sendo acompanhados pela gestão municipal.
Segundo uma nota divulgada pelo Ministério da Saúde, também nesta quarta-feira, atualmente são oito casos suspeitos da doença em investigação no país: Ceará, Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Sul e São Paulo com um caso cada, e dois em Rondônia e outros dois em Santa Catarina.
No domingo (5), a Organização Mundial da Saúde (OMS) informou ter confirmado 780 casos de varíola de macacos em todo o mundo. Os dados correspondem ao intervalo entre 13 de maio e 2 de junho e leva em conta apenas pacientes identificados em locais em que a doença não é endêmica. Segundo a entidade, não houve mortes relatadas. A organização diz que não há recomendação de uso de vacina da varíola para casos de varíola dos macacos.
Sintomas
Os sintomas iniciais da varíola dos macacos costumam ser febre, dor de cabeça, dores musculares, dor nas costas, gânglios (linfonodos) inchados, calafrios e exaustão. “Depois do período de incubação [tempo entre a infecção e o início dos sintomas], o indivíduo começa com uma manifestação inespecífica, com sintomas que observamos em outras viroses: febre, mal-estar, cansaço, perda de apetite, prostração”, explica Giliane Trindade, virologista e pesquisadora do Departamento de Microbiologia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Dentro de 1 a 3 dias (às vezes mais) após o aparecimento da febre, o paciente desenvolve uma erupção cutânea, geralmente começando no rosto e se espalhando para outras partes do corpo. “O que é um diferencial indicativo: o desenvolvimento de lesões – lesões na cavidade oral e na pele. Elas começam a se manifestar primeiro na face e vão se disseminando pro tronco, tórax, palma da mão, sola dos pés“, completa Trindade, que é consultora do grupo criado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações para acompanhar os casos de varíola dos macacos.
A varíola dos macacos foi descoberta pela primeira vez em 1958, quando dois surtos de uma doença semelhante à varíola ocorreram em colônias de macacos mantidos para pesquisa. O primeiro caso humano dessa variante foi registrado em 1970 no Congo. Posteriormente, foi relatada em humanos em outros países da África Central e Ocidental.
A varíola dos macacos ressurgiu na Nigéria em 2017, após mais de 40 anos sem casos relatados. Desde então, houve mais de 450 casos relatados no país africano. Entre 2018 e 2021, foram relatados sete casos de varíola dos macacos no Reino Unido, principalmente em pessoas com histórico de viagens para países endêmicos.