Santa Casa, maior hospital público de MS, anuncia que encerrará atendimentos de urgência e ambulatoriais
A Santa Casa de Campo Grande anunciou nesta terça-feira (02) que irá suspenderá todos os atendimentos ambulatoriais, bem como os casos de urgência. O motivo, de acordo com um nota divulgada pela Associação Beneficente de Campo Grande (ABCG) que administra o hospital, não há mais recursos no caixa para bancar sequer o salário dos funcionários ou mesmo para comprar os insumos par os atendimentos médicos.
As medidas devem ser aplicadas dentro de 48 horas. Na justificativa, a Santa Casa cita que há um impasse na renovação do contrato de prestação de serviços médico-hospitalares com a Prefeitura de Campo Grande. Como consequência disso, se gerou uma crise de desabastecimento interna e, para evitar a suspensão imediata do atendimento à população, os atendimentos ambulatoriais e cirurgias eletivas serão suspensos, mantendo apenas a assistência da urgência e emergência.
A nota foi publicada nas redes sociais da Santa Casa e assinada pelo presidente da instituição, Heitor Freire. “A Santa Casa de Campo Grande espera que a Prefeitura de Campo Grande, a quem compete a responsabilidade pela prestação de saúde à população, tome as providências urgentes para evitar o agravamento da situação”, diz um trecho.
O anúncio acontece dias depois de a Santa Casa ter divulgado um alerta para a falta de insumos e de dinheiro para o pagamento dos funcionários, que seria motivado pelo desequilíbrio econômico com a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde Pública). Na ocasião, o presidente da ABCG revelou que o contrato com o Município venceu há dois meses, sendo que no dia 27 de julho uma reunião com representantes de vários órgãos foi encerrada sem consenso.
“A proposta apresentada pela prefeitura tinha o sentido de fazer o contrato no mesmo valor de 2019. Até o ano passado fomos obrigados a aceitar e esse ano não vamos assinar. A correção de lá para cá foi de 60,62%, correspondendo a R$ 461 milhões, nós estamos propondo R$ 430 milhões, R$ 31 milhões a menos do corrigido”, explicou Freire na nota, que também foi compartilhada nas redes sociais.
Ainda de acordo com o Heitor, o hospital recebe mensalmente, R$ 23 milhões, sendo que R$ 5 milhões são debitados em empréstimos. O contrato com a secretaria encerra no dia 31 de julho, período em que o estoque de medicamentos também pode sofrer desfalque e por isso, sem readequação não conseguiria pagar os salários em agosto.
Procurada pelo Enfoque MS, a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) afirmou que não tem dividas financeiras com a Santa Casa, sendo que já teriam sido repassados ao hospital R$ 173,3 milhões ao longo do ano.
“Todos os repasses foram feitos dentro do que estava pactuado. De janeiro a julho deste ano, o hospital já recebeu R$ 173,3 milhões. Desde 2017, foram mais de R$ 1,6 bilhão destinados à Santa Casa. Cabe ao hospital esclarecer sobre eventuais problemas gerenciais que culminaram no alegado déficit”, cita o comunicado à imprensa.
População tem opnições duvidosas sobre os fatos
Pelas redes sociais, atraves dos comentários feitos nas prublicações de ambas as notas da Santa Casa sobre a sua situação financeira, a população de Campo Grande apresenta opiniões de conflito, com muitos pontuando que isso está acontecendo exatamente no período eleitoral. Outros colocam a culpa na gestão Municipal enquanto que uns pedem por uma investigação nas contas da administraçõ da ABCG.
“É lamentável que o Gestor Municipal deixe a Santa Casa chegar nesta situação”, escreveu um seguidor. “Nossa que triste um hospital como esse nessa situação espero que a prefeitura regularize essa situação”, comentou outra pessoa. “E aí prefeita e governador vão ficar vendo a população morrer por falta de atendimento,todo ano é assim a santa casa passa por dificuldades, alguma coisa na administração não está certo,e quem paga a conta somos nós”, cita uma terceira pessoa.
No último caso, o perfil da Santa Casa chegoua responter, dizendo que “possui o portal de transparência aberto para qualquer cidadão consultar e comprovar que não se trata de gestão da Instituição, e sim da falta de pagamento do nosso serviço prestado a Secretária Municipal de Saúde, e infelizmente essa situação reflete no nosso atendimento a população, pois sem medicamentos não temos como atender da forma ideal que todos merecem”, escreveu o hospital.