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Revitalização das vias transversais do centro começa após o Dia das Mães

Dentro de pouco mais de um ano, quem andar pelo centro da cidade vai poder usufruir de uma nova experiência de compra. Prevista para iniciar após o Dia das Mães e durar 15 meses, a revitalização de mais de 80 quadras em 21 quilômetros de vias vai presentear o cidadão com um “pacote de benefícios” nunca antes visto na capital.
Os benefícios que já podem ser vistos com a requalificação da Rua 14 de Julho, coração comercial da área central, e agora vão se estender pelas transversais, passando pela Dom Aquino, Marechal Rondon, Barão do Rio Branco, José Antônio e tantas outras.

O centro terá cara nova. Com mobiliário urbano moderno, lixeiras de coleta seletiva, árvores frondosas em um projeto especial de paisagismo, calçadas padronizadas, acessibilidade, segurança com videomonitoramento, conexão de wi-fi gratuito, iluminação mais potente com lâmpadas de LED, ruas recapeadas e semaforização inteligente.

O novo centro ainda terá o mais moderno corredor de transporte urbano na Rua Rui Barbosa, com estações de embarque pensadas especialmente para dar mais agilidade e segurança ao trânsito sem atrapalhar a visibilidade dos comércios.

Tanta mudança está deixando os empresários otimistas. O presidente da Associação de Empresários da Rua José Antônio, Rodrigo Hata, afirma que a via vai ofertar um mix de comércio varejista com experiências gastronômicas e culturais após a revitalização, e que já está alterando o mercado imobiliário da região. “Só com a intervenção ocorrida no ano passado do Urbanismo Tático, houve uma procura por imóveis e duas novas empresas da área gastronômica se instalaram e a terceira está para ser inaugurada”, conta.

Proprietário do Bar Velfarre há nove anos, Rodrigo se diz otimista com a revitalização prevista para a região. “A pandemia mudou a forma de viver, comprar, comemorar. Os clientes esperam áreas externas e se preocupam com o distanciamento e como o produto é produzido e entregue”, afirma. “Diante desse novo hábito, o projeto de revitalização poderá ter como identidade uma maior utilização dos espaços públicos e áreas de convívio ampliadas. Os comerciantes e os clientes vão ser beneficiados”.

Da porta de sua loja, Rosângela e Cezar viram a transformação da Rua 14 de Julho em mais de três décadas. A Ótica Seiko existe há 33 anos e hoje, mais de um ano após a entrega da requalificação da via, a comerciante diz que a avaliação é positiva, mesmo tendo perdido vagas de estacionamento.

“Percebemos que manteve a facilidade de acesso, calçadas largas, iluminação, câmeras, o que nos auxilia no quesito de segurança. Acredito que após a pandemia nosso fluxo de clientes poderá aumentar”, afirma Rosângela Padilha de Ávila Nogueira, já explicando que houve um aumento de 10% de novos clientes.

Esse “efeito multiplicador” na economia surge em decorrência de obras com grande investimento do poder público, como é o caso do Programa Reviva Campo Grande. Uma pesquisa feita pelo Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento da Fecomércio (IPF MS) detectou os efeitos multiplicadores da requalificação da Rua 14 de Julho.

Pesquisa

O levantamento baseou-se nas estimativas acerca do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), matriz insumo-produto de Campo Grande, análises estatísticas e econométricas. “Para a execução das obras houve a necessidade de comprar material e contratar mão de obra local e isso gera um impacto. Com esse foco, fomos atrás de entender esse cenário”, diz a economista Daniela Dias.

O comércio central de Campo Grande já demonstrava sinais de queda de faturamento desde 2010. De acordo com a pesquisa do IPF MS, esse percentual foi de 12% entre os anos 2018/2017 e, de 24%, entre 2019/2018, períodos das obras do Reviva. Esses indicadores consideram a tendência de queda já existente na região antes das obras. “Quando não consideramos esse efeito, constatamos que o impacto, efetivamente por causa das obras, foi de 8% e 19%, respectivamente”, afirma Daniela.

Realmente, sobre a Rua 14 de Julho, os impactos não chegaram a 20% de queda no faturamento quando é considerado todo o cenário. “Tivemos um impacto de R$86 milhões que foram gastos com as obras, dinheiro que foi aplicado também no comércio em geral de Campo Grande. Segundo a pesquisa, foram geradas 1.670 vagas nesse período da obra. Em termos de rendimentos, foram gerados R$22 milhões, somente isso é capaz de amenizar os efeitos das obras em 25%”.

Vale destacar que as consequências pós-obras só não tiveram mais repercussão porque, uma vez entregues – em dezembro de 2019 –, o comércio em geral teve o baque e as mudanças provocadas por conta da Covid-19.

“O que podemos dizer é que o novo comportamento do consumidor irá nortear os rumos da área central, mas as pesquisas já realizadas durante a pandemia, incluindo as sazonais do comércio, apontam uma clientela que quer ter experiência aliada ao consumo, quer espaços amplos para poder sair com a família e amigos. E é isso que a revitalização da área central vai proporcionar”.

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