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Projeto de Lei obriga realização de exames toxicológicos de professores da REME

Professores da Rede Municipal de Ensino de Campo Grande (REME) poderão ser obrigados a realizarem exames toxicológicos. A proposta foi apresentada pelo vereador Tiago Vargas (PSD) na sessão ordinária desta terça-feira (19) da Câmara Municipal. Outros parlamentares questionaram o Projeto de Lei e o classificaram como ‘sem lógica’.

Através do exame toxicológico, será possível detectar o uso de drogas ilícitas por partre dos educadores. “Não sou contra a educação, pelo contrário; este Projeto de Lei não pretende criminalizar os profissionais da educação de Campo Grande. Os policiais, guardas municipais, bombeiros e outros fazem o exame toxicológico; se for assim, estamos criminalizando estes profissionais há anos”, comparou o vereador ao defender o projeto.

Vargas afirmou ainda que não tem a intenção de punir os que trabalham na rede pública, caso façam uso de drogas ilícitas. “Queremos detectar quem é este profissional, que faz uso de drogas ilícitas e tratarmos dele, individualmente, devolver ele para sua família tratado e curado. Agora, não podemos achar normal que profissionais da educação, que lidam todos os dias com as nossas crianças, sejam viciados”.

Ao justificar o PL, o vereador disse que demonstra a preocupação do poder público com seus servidores, garantindo a plena recuperação do que estiver necessitando de auxílio a fim de cessar a dependência. Ainda conforme ele, sua proposta não prevê a demissão imediata do professor que tiver resultado positivo, sendo que, primeiramente, deverá ser aplicada uma sanção para que se faça o devido tratamento do vício.

Vereadores são contrários ao Projeto de Lei

Imediatamente a apresentação do PL, os vereadores que são professores de formação se manifestaram contrários ao texto. “Quero demonstrar repúdio a este projeto, que praticamente marginaliza os profissionais da educação, que mostra total falta de empatia com nossos professores, lembrando que o dom de ensinar vai muito além da sala de aula, é feito com amor. Em quais dados técnicos o propositor se baseou pra montar um projeto desta esfera?”, manifestou o vereador Professor Riverton (DEM).

“Eu, que venho de sala de aula, sei a dificuldade. Eu acho que, no momento, temos que trazer projeto para aluno. Temos que colocar contraturno, temos que brigar pela situação na escola, projetos que vêm de encontro. Não quero criticar o vereador, mas é um projeto inoportuno, não deveria vir pra essa casa”, pontuou o educador e vereador Valdir Gomes (PSD) e que faz parte do mesmo partido que Tiago Vargas.

Outro professor a manifestar opinião oposta ao projeto de lei foi João Rocha (PSDB). “O professor precisa ser olhado com atenção, com cuidado, diferente de ser policiado, não é esse o foco, estamos mudando o viés. Com a base da família e informações vindas da escola, você forma o cidadão, vamos melhorar as condições de trabalho”, disse.

Já o vereador Professor Juari (PSDB) afirmou que a matéria não deve passar sequer pela Comissão Permanente de Educação, um dos caminhos pelo qual o Projeto de Lei precisa ser aprovado antes de ir para a votação final no plenário da Casa.

Quanto as opiniões opostas ao PL, Tiago Vargas disse que haverá discussão com a sociedade por meio de audiência pública. “Essa é uma discussão importantíssima na sociedade campo-grandense, teremos audiências públicas, não é uma questão de simplesmente pegar um projeto e ‘enfiar goela a baixo’ em nossos profissionais da educação”, afirmou o vereador.

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