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Presidente afastado da FFMS é preso por descumprir medidas judiciais e continuar ‘mandando’ no futebol

O Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) cumpriu um mandado de prisão e de busca e apreensão nesta quarta-feira (28) contra Francisco Cezário de Oliveira, de 78 anos, presidente afastado da FFMS (Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul).

A investigação apontou que ele comandava uma espécie de filial da FFMS em sua própria casa. A prisão foi decretada na manhã de ontem (27) pelo juiz da 6ª Vara Criminal de Campo Grande, Marcio Alexandre Wust.

O MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) destaca que o TJMS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul) proibiu Cezário de ter qualquer função na FFMS, que desde o seu afastamento está sob o comando interino de Estevão Petrallás.

A investigação frisou que, apesar da proibição, o ex-dirigente continuava influindo no futebol por meio de ordens aos seus aliados na entidade, entre esses estão membros da diretoria do Operário e do Comercial, principais times locais.

“Verificou-se que, a despeito da proibição judicial, o ex-dirigente continuava a participar, nos bastidores, dos rumos da entidade, articulando com aliados e fazendo reuniões em sua residência com presidentes de clubes e dirigentes esportivos, além de acompanhar de perto as reuniões que ocorriam no âmbito da FFMS”, diz a nota do MPMS.

O órgão ainda disse que nos dias 5 de junho e 6 de agosto, antes da realização de assembleia-geral, um dirigente do Operário e um diretor do Comercial estiveram na casa de Cezário, na Vila Taveirópolis, em Campo Grande, numa reunião secreta.

É dito ainda que ele recebeu, no dia em que ocorreu a assembleia-geral da FFMS, outros representantes de clubes e integrantes da diretoria da entidade que comandava, além de um consultor de futebol e conselheiro do Vasco da Gama.

A decisão diz ainda que Cezário também esteve na sede da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), no Rio de Janeiro (RJ), acompanhado por um aliado e, segundo a investigação, tentou fazer esse o presidente interino no seu lugar.

Cartão Vermelho

A operação Cartão Vermelho foi deflagrada no dia 31 de maio deste ano contra um desvio de R$ 6 milhões na FFMS. O valor seria desviado de recursos do governo estadual e da CBF. Francisco Cezário foi preso, mas conseguiu a liberdade após problemas de saúde.

A investigação desmontou uma organização criminosa voltada à prática de peculato e delitos correlatos na federação, que comanda o futebol no Estado. Foram 20 meses de investigação.

“Uma das formas de desvio era a realização de frequentes saques em espécie de contas bancárias da FFMS, em valores não superiores a R$ 5 mil para não alertarem os órgãos de controle, que depois eram divididos entre os integrantes do esquema”, informa a nota.

Nessa modalidade, verificou-se que os integrantes da organização criminosa realizaram mais de 1.200 saques, que ultrapassaram o total de R$ 3 milhões. Francisco Cesário ocupa o cargo de presidente da entidade há 28 anos.