Parados há 27 dias, caminhões conseguem atravessar a fronteira com a Bolívia momentaneamente
A fronteira entre a Bolívia e o Paraguai foi reaberta durante a manhã desta quinta-feira (17), após 27 dias de interdição por conta de um protesto promovido por lideranças políticas do departamento de Santa Cruz, que querem a realização já no próximo ano de um Censo Demográfico que, por sua vez, foi adiado pelo governo daquele País para 2024.
A linha internacional foi aberta para caminhões e carretas carregadas de mercadorias que estavam aguardando na Agesa (Armazéns Gerais Alfandegados) das 08h às 12h. Na sexta-feira (18), o mesmo deve acontecer para caminhões que estão do outro lado da fronteira, ou seja, que querem passar da Bolívia para o Brasil, das 04h até às 09h. Entretanto, a partir disso o local será novamente interditado sem previsão para a liberação.
Desde o dia 10 deste mês, após um acordo entre os Comitês Cívicos de Puerto Quijarro, Puerto Suárez e Arroyo Concepción, o trânsito de veículos pequenos (de passeio) passou a ser liberado das 4h às 9h (MS). Com tudo, os caminhões continuavam impedidos de atravessar a linha de divisão entre os dois países.
Um dos líderes do chamado de Paro Cívico, uma espécie de greve geral, Antonio Chávez Mercado, disse ao site Diário Corumbanse a fronteira não será reaberta enquanto o decreto presidencial se torne lei, passando pela Câmara de Deputados e pelo Senado. “Além disso, temos outras exigências, como a liberação de três pessoas que foram presas durante os protestos, aqui em Puerto Quijarro”, declarou o representante do movimento.
Depois da realização de assembleia (Cabildo) na noite do último domingo (13) ficaram estabelecidas as seguintes exigências para liberação do tráfego na fronteira e outros pontos de bloqueio no departamento, sendo elas: libertação dos detidos durante os conflitos e o fim da perseguição política; transformar em lei o Decreto Supremo 4.824, que fixou o Censo para 23 de março de 2024 e que o resto do país se junte à luta pelo recenseamento.
O protesto começou na noite de 21 de outubro, quando o acesso para a Bolívia a partir de Corumbá foi bloqueado com veículos, terra e estruturas de madeira. Na ocasião, houve um grande conflito entre grupos contrários e favoráveis ao movimento e que resultou na morte de um servidor público boliviano, que acabou sendo atingido por um objeto na cabeça e não resistiu ao ferimento.
De lá para cá, essa suspensão gerou prejuízo de R$ 720 milhões para o comércio exterior entre os dois países, que passa pelo porto seco da Agesa, onde há fiscalização da Receita Federal e apuração de tributos e desembaraço de mercadorias. A estimativa da Receita em Corumbá é de que por dia útil os negócios internacionais movimentem em torno de R$ 45 milhões.
Informações do Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas e Logística da região do Pantanal (Setlog MS Pantanal) apontam que atualmente há 1,2 mil cargas paradas em Corumbá aguardando definição para importação e exportação.