MS vai usar plasma de sangue humano para tratar Covid-19
Mato Grosso do Sul será, mais uma vez, pioneiro ao adotar práticas inovadoras de combate à Covid-19, como aconteceu, por exemplo, ao ser um dos primeiros estados a instalar o COE (Comitê de Operações Emergenciais) e os drive-thrus em municípios estratégicos. Desta vez, vai participar de um estudo que pretende avaliar o impacto da transfusão de plasma pessoas recuperadas da Covid-19 em pacientes com quadro clínico grave da doença. A primeira coleta aconteceu na nesta segunda-feira (15).
O estudo é encabeçado pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (USP) e conta, em Mato Grosso do Sul, com a participação do Governo do Estado, por intermédio do Hemosul e Hospital Regional de MS, além de outras instituições, como Hospital Universitário da UFMS, Hospital das Clínicas da USP e da Escola Paulista de Medicina da UNIFESP (São Paulo).
Em Mato Grosso do Sul, o responsável é o infectologista Júlio Croda. O estudo conta ainda com a participação de outros profissionais como Benedito Antônio Lopes da Fonseca, Benedito de Pina Almeida Prado Jr, Dante Langhi Jr., Dimas Tadeu Covas, Eugênia Maria Amorim Ubial, Gil Cunha De Santis e Rodrigo Calado de Saloma Rodrigues.
“A participação de Mato Grosso do Sul nessa pesquisa confirma a disposição do Governo do Estado, por intermédio da Secretaria Estadual de Saúde (SES), à qual o Hemosul e o Hospital Regional de MS são vinculados, em estar sempre à frente com medidas e práticas inovadoras que visam, acima de tudo, oferecer sempre o que for de melhor para a população sul-mato-grossense”, avalia o secretário estadual de Saúde Geraldo Resende.
Marli Vavas, coordenadora- geral da Rede Hemosul-MS explica que a iniciativa de participar como responsável pela coleta dos plasmas partiu de um diálogo com a USP – Hemocentro de Ribeirão Preto, por entender que este poderá ser um eficaz tratamento para pacientes da Covid-19; “O Hemosul se sente gratificado em ser um dos atores na linha de frente dessa proposta”, salienta.
Pesquisa
“Essa forma de terapia, por meio da infusão de soro ou de plasma, é a única forma de conferir imunidade imediata, até que o próprio organismo afetado tenha tempo de montar a sua própria resposta imune (imunidade adaptativa), que, em regra, leva de alguns dias a algumas semanas, tempo relativamente longo em casos de infecção por microrganismo de maior virulência”.
O estudo, diz Patrícia Vieira, pretende avaliar o impacto da transfusão de plasma de convalescente (pacientes recuperados) da covid-19 em pacientes com quadro clínico grave dessa doença. “O quadro clínico da infecção pelo SARS-CoV-2 é heterogêneo, com apresentação clínica leve e oligossintomática, ou mesmo assintomática, na maioria dos casos, mas uma parcela de pacientes apresenta evolução grave, com insuficiência respiratória, quadro responsável pela maioria das mortes”.
O estudo vai trabalhar com a hipótese de que a transfusão de plasma de doador convalescente da Covid-19 poderá resultar em evolução clínica mais favorável e aumentar a taxa de sobrevida de indivíduos com acometimento grave pela doença.
Para testar a hipótese, serão tratados com plasma convalescente 40 pacientes com a forma grave da Covid-19 que terão seus desfechos comparados com grupo controle constituído de 80 pacientes com a mesma doença, com características e gravidade clínica semelhante. Cada paciente receberá uma dose aproximada de 10 mL/kg/dia de plasma convalescente (600 mL/dia para os adultos), por 3 dias consecutivos.
Os participantes do estudo serão recrutados dentre os pacientes com infecção grave da Covid-19, tratados no Hospital Universitário da UFMS e no Hospital Regional de MS. A alocação aleatória dos envolvidos em dois grupos, controle (tratamento convencional, dito “de suporte”) e experimental (receptores de plasma convalescente), se dará por sorteio eletrônico realizado por pessoa não envolvida no atendimento ao paciente.
Pretende-se incluir 40 indivíduos no grupo transfundido e 80 grupo controle, totalizando 120 pessoas.