DestaquesPolicial

Movimentação sob suspeita de desvio em hospital passa de R$ 25 milhões

Envolve mais de R$ 25 milhões a movimentação sob suspeita de desvio de dinheiro público, atribuído a dirigentes do Instituto Gerir, empresários e empresas que prestaram serviços ao Hospital Regional Doutor José Simone Neto, em Ponta Porã, localizada na linha fronteiriça entre o Brasil e o Paraguai, a 326 quilômetros de Campo Grande.

A entidade foi contratada em 2016 para administrar o hospital mas, diante do não atendimento aos compromissos firmados, conforme foi anunciado, o contrato foi rompido em 2019 pelo governo de Mato Grosso do Sul.

O Instituto, nascido em Goiás (GO), fechou dois anos atrás e deixou rastro de problemas onde atuou, notadamente em Goiás, Mato Grosso e São Paulo.

Nesta quarta-feira (04), 19 pessoas, entre dirigentes da Organização Social de Saúde (OSS) e representantes de fornecedores do hospital, além de 13 empresas, foram alvos da operação “S.O.S Saúde”, desenvolvida por força-tarefa da Polícia Federal, Controladoria Geral da União e da Receita Federal.

G1 apurou que, além dos mandados de busca e apreensão cumpridos, 34 ao todo em uma dezena de cidades de seis estados, uma pessoa foi presa em flagrante.

Como ainda não foi divulgado balanço das ações, o motivo da detenção e o local não foram informados pela Polícia Federal. Foram feitas diligências em Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás, São Paulo, Paraíba e Bahia.

“A Organização Social de Saúde, embora formalmente não possua fins lucrativos, cresceu exponencialmente desde a sua fundação (em 2011), passando a administrar diversas unidades de saúde espalhadas por vários Estados da Federação recebendo vultosas quantias de dinheiro do poder público (quase 1 bilhão de reais no período de afastamento de sigilo bancário) as quais foram, em grande parte, desviadas de suas finalidades”, anotou a Receita Federal ao divulgar o assunto.

O que eles faziam?

Pela investigação, o dinheiro que deveria financiar atendimentos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) se transformou em bens no nome de envolvidos no esquema criminoso, enquanto o atendimento no hospital só piorava. Para isso, acreditam as autoridades, eram feitas transações fraudulentas, por meio de empresas de fachada e simulação de compras e prestações de serviço.

Policiais federais durante operação — Foto: Polícia Federal/Foto
Policiais federais durante operação — Foto: Polícia Federal/Foto

Uma das empresas envolvidas sequer tinha funcionários, mas recebeu verba como se tivesse fornecido itens ao hospital.

Os participantes do esquema ficavam com dinheiro para eles e compravam bens.

“A narrativa constante da representação policial e as provas carreadas aos autos, sintetizada nos documentos consolidativos das investigações, bem como apresentada na manifestação ministerial, demonstram elementos concretos já colhidos na investigação da provável origem ilícita dos bens”, escreveu o juiz federal que autorizou a realização da “S.O.S Saúde”, Ricardo Duarte Ferreira Figueira. 

Dos mais de 30 mandados, um foi cumprido em Campo Grande, tendo como alvo ex-diretor do hospital de Ponta Porã. Agora, todo o material será analisado pela Polícia Federal para dar suporte ao inquérito.

Com autorização judicial, as provas serão compartilhadas com a CGU e a Receita Federal.

A defesa do Instituto Gerir, que é apontado como o centro da organização criminosa, informou que ainda não tinha acesso ao teor das denúncias e só se manifestaria depois disso.

* Por G1 MS

Deixe um comentário