Morto em confronto com a PM no interior de MS, indígena responde por latrocínio
O Batalhão de Choque da Polícia Militar (BPMChoque) se manifestou nesta quinta-feira (19) sobre o confronto ocorrido ontem (18) em uma propriedade rural na cidade de Antônio João e que resultou na morte de um indígena, identificado apenas pelo primeiro nome de Néri. A situação gerou debate entre os deputados estaduais e motivou até mesmo uma reunião de emergência entre o governador Reinaldo Azambuja (PSDB) e o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Segundo a comunicação do Choque, o indígena morto no confronto é um velho conhecido das autoridades policiais locais, inclusive, acumula diversas passagens por crimes variados e até mesmo responde pela participação em um latrocínio (roubo seguido de morte) praticado no ano de 2015, também em Antônio João. Nesta ocorrência, a vítima foi morta com um tiro na cabeça.
O Batalhão ainda declarou que o conflito aconteceu em decorrência do disparo de armas de fogo por parte dos indígenas. “Durante a dispersão do grupo, o referido indígena, que se encontrava em uma área de mata e armado, efetuou disparos contra as forças de segurança, atingindo o escudo protetor da tropa. Diante dessa ação, tornou-se necessário repelir a agressão, considerada injusta, por parte do indígena”, justifica.
O caso
O confronto envolvendo equipes da Polícia Militar e indígenas guaranis-kaiwás ocorreu em uma fazenda em disputa judicial, no Território Nhanderu Marangatu, em Antônio João, na manhã da quarta-feira (18).
O clima está tenso na região há pelo menos uma semana, quando houve o primeiro confronto e também o incêndio da ponte que dá acesso à fazenda que estava para ser ocupada pelos indígenas.
Na segunda-feira (16), os indígenas teriam ocupado parte da propriedade. Houve um diálogo entre policiais e as lideranças, que chegaram a firmar um acordo para que a área ocupada não fosse ampliada.
Entretanto, os indígenas teriam avançado mesmo assim, sendo necessário acionar a Tropa de Choque da PM para garantir a segurança. Na quarta, houve o novo confronto entre indígenas e policiais, que acabou resultando na morte de um dos indígenas.
Nas redes sociais, a Aty Guasu (Grande Assembleia Guarani-Kaiowá) diz que houve um massacre na área retomada pelos guaranis-kaiwás. Vídeos foram divulgados mostrando correria, gritos e fumaça.
Ao todo, o Território Nhanderu Marangatu tem 9,3 mil hectares e foi homologada em 2005, mas a demarcação foi suspensa por mandado de segurança impetrado no STF (Supremo Tribunal Federa).
Além disso, existe uma ação em andamento no TRF3 (Tribunal Regional Federal) da 3ª Região pedindo a aplicação da tese do marco temporal e uma liminar da Justiça Federal em Ponta Porã que determina a permanência na Polícia Militar na área.