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Médico morto em Dourados tinha envolvimento com quadrilha de golpistas, revela investigação

O médico de 29 anos encontrado morto na cidade de Dourados no último dia 28 de julho fazia parte de uma quadrilha de golpistas, revelou o delegado Erasmo Cubas, responsável pela investigação do caso durante a coletiva de imprensa nessa terça-feira (08). A vítima estava em um grande esquema de estelionato e teria ameaçado entregar a quadrilha para a polícia caso não recebesse uma quantia de R$ 500 mil que estavam devendo para ele.

A investigação detalhou que o médico teria feito favores para a líder da quadrilha, identificada como Bruna, que em troca havia prometido o referido dinheiro, porém, não foi pago. Por conta disso, o profissional passou fazer ameaças conra a autora, mas acabou sendo vítima dela, que contratou três homens para matá-lo.

No esquema, o médico repassava dados falsos, geralmente de pessoas mortas, para que os crimes fossem cometidos. Com o uso de documentos falsos, ia até a Caixa para contratar empréstimos e fazer saques, cujo valores eram divididos entre os membros da quadrilha. “Ele encaminhava fotos, criava logins e fazia contas para ter acesso a pequenos montantes”, disse o delegado.

“Ele tinha contato com a Bruna nesse esquema de fraude de cartão de crédito. Ela aliciou ele, que não tinha mais contato com outras pessoas do grupo criminoso. Ele recebia documentos para fazer saques e ficava com uma parte do saque dos benefícios”, complementou o responsável pelo caso.

Após a morte, o médico teve contas criada em seu nome pela própria quadrilha, que continuou aplicando golpes com cartões clonados. O delegado explicou que o médico conheceu Bruna quando era estudante de medicina pelas redes sociais e em festas. O profissional não usava a sua condição de médico para fazer os esquemas de estelionato.

A Bruna ficou com o celular do médicol após a morte dele, inclusive, fez troca de mensagens se passado por ele e solicitado dinheiro a amigos da vítima, conseguindo arrecadar R$ 2,5 mil.

A polícia destacou que ela intermediou todo o processo que resultou na morte da vítima, no entanto, não estava na cena do crime. No dia da morte, a mulher teria solicitado que o médico encontrasse um amigo na casa locada na Vila Hilda para repassar informações sobre contatos fornecedores de droga, entretanto, não é possível afirmar se ele tinha envolvimento com o tráfico. 

“Ele acreditou que ia fazer contato com o amigo da Bruna para  apresentar pessoa para comprar droga em Ponta Porã”. O médico chegou à casa no dia 27, sendo surpreendido por tres homens vindos de Minas Gerais. Ele foi amarrado e torturado, sendo obrigado também a passar ao grupo a senha do celular.

O assassinato ocorreu no dia 27 de julho, mas o corpo só foi localizado no dia 28, após a vizinha chamar a polícia porque percebeu um mau cheiro que saía da casa. O médico teria agonizado por cerca de 48 horas antes de morrer. 

A quadrilha chegou a Dourados de ônibus e fugiu também de ônibus para Minas Gerais, onde foram presos na segunda-feira (7). Cada um recebeu R$ 50 mil para matar o médico. Todos tiveram a prisão preventiva decretada. O grupo ainda não prestou depoimentos de forma oficial. Eles irão responder por homicídio qualificado com tortura sem que a vítima pudesse reagir.

O médico era natural de Santa Cruz do Sul (RS) e trabalhava em hospitais e na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Dourados desde março deste ano, quando se formou em medicina na Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD). A morte dele comoveu a sociedade local e agora causou espanto ao saber do seu envolvimeto com o crime.