Mato Grosso do Sul tem aumento de 150% no custo de produção do milho
Dados da Aprosoja/MS (Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso do Sul) indicam que houve uma alta de aproximadamente 150% no custo da produção da safra do milho deste ano, levando em consideração o preço da safra passada 20/21. Neste mês de março houve uma nova alta, alcançando a marca de R$ 8.220,80 de investimento para cada hectare plantado pelo agricultor sul-mato-grossense.
“Enquanto muitos falam que temos lucros altíssimos, a verdade é só uma, o produtor hoje trabalha no limite, muitas vezes com risco de prejuízo, como apresenta esse estudo”, ressalta o presidente da Aprosoja/MS, André Dobashi.
Para efeitos de comparação, em setembro de 2021 o preço estava acima de R$ 6 mil por hectare, valor 92,74% maior, considerando a safra 20/21, onde tínhamos o custo a R$ 3,5 mil por hectare. Só nos últimos seis meses, entre setembro de 2021 e março de 2022, a alta foi de 28,80%.
O cálculo considerou uma produtividade média de 78,13 sacas por hectare, com um preço médio de R$ 83,53 por saca, obtido pela coleta semanal de preço em cooperativas, cerealistas e tradings.
Os preços dos insumos continuam impulsionando as despesas do produtor. O fertilizante, responsável pela maior parte da despesa de custeio da lavoura, já exibe alta de 39,44%.
Para a economista da Aprosoja/MS, Renata Farias, o atual contexto dos insumos ainda é pautado pelas incertezas no mercado internacional, motivado pelo aumento considerável dos preços, diante de uma inflação elevada e a guerra da Rússia e Ucrânia, haja vista que a antiga União Soviética fornece grande parte dos fertilizantes ao Brasil.
“A cada análise dos custos de produção dos grãos, constatamos que está havendo, ano após ano, um significativo aumento dos mesmos, resultado que acaba impactando a todos. Vale ressaltar que cada propriedade apresenta particularidades quanto aos fatores terra, trabalho e capital, podendo haver diferença quanto ao custo de produção aqui estimado. É importante cada produtor confrontar-se com os próprios custos elaborados, tendo este estudo como base”, explicou a economista.
Os custos são avaliados pela soma de todas as despesas direta e indiretas, associadas à produção da cultura de milho no caso deste estudo. “O que podemos afirmar é que a margem do produtor pode ficar ainda mais apertada. Para quem comprou insumos ainda em setembro de 2021, há um pequeno lucro de 1,72 sacas por hectare, enquanto para quem deixou para comprar em 2022, o risco de prejuízo é certo, de pelo menos 20,3 sacas por hectare”, concluiu Renata Farias.
Safra de Milho
A atual safra em Mato Grosso do Sul atingiu até o momento, 82,3% de área plantada de milho 2ª safra, 7,30% superior em relação ao mesmo período no ciclo passado. A área estimada para esta safra é de 1,992 milhão de hectares, considerando uma retração de 12,6% em relação a área da 2ª safra de 2020/2021. A produtividade estimada é de 78,13 sc/ha, gerando uma expectativa de produção de 9,34 milhões de toneladas.
Para conferir a análise completa, com as tabelas com custo de produção, acesse: https://bit.ly/3LdJyY5