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Maioria dos vereadores são contra a volta às aulas na REME

A Secretaria Municipal de Educação de Campo Grande (Semed) pretende retomar as aulas presenciais ainda antes de julho deste ano, adotando todas as medidas de biossegurança para prevenção à transmissão da Covid-19.

A secretária municipal de Educação, Elza Fernandes, reuniu-se com vereadores na manhã desta terça-feira (9), na Casa de Leis, respondendo aos questionamentos e apresentando as principais informações sobre as aulas, que continuam de forma remota neste primeiro semestre.

A maioria dos vereadores manifestou-se de forma contrária à volta às aulas sem antes ter a vacinação contra o coronavírus de todos os profissionais da educação.

O vereador Carlão, presidente da Câmara de Vereadores, destacou a importância do tema que motivou o Poder Legislativo ao debate com a secretária. “Pedimos para que a Secretaria invista mais na tecnologia das aulas remotas, dando tablets às crianças que não tem condições. 99% da Câmara é a favor que permaneçam as aulas remotas devido a questão da pandemia. Precisamos dar segurança aos professores, aos administrativos da educação, aos pais e aos alunos”, disse.

A Secretaria já está fazendo o planejamento para o retorno de forma híbrida (parte da turma no ensino presencial e parte no on-line) e com turmas reduzidas, conforme ocorre nas escolas particulares desde o fim do ano passado. Por enquanto, as aulas seguem de forma remota. Além dos cadernos impressos disponibilizados pelas escolas, os alunos continuam a ter acesso às aulas por meio da TV Reme (canal 4.2 da TV, e Youtube), Rádio Reme (aplicativo) e outros meios utilizados por professores e pelas unidades escolares (aplicativos de conversa com vídeos e áudios).

“Precisamos ouvir todos os envolvidos para tomar essa decisão, que não é apenas da Secretaria de Educação. Precisamos dessa discussão com a Câmara, Ministério Público e ouvir ainda os pais, por meio de uma consulta pública”, afirmou a secretária Elza Fernandes. “Pelas falas, a grande maioria dos vereadores é favorável ao retorno com a vacina, que é um fator importante. Mas, precisamos deste planejamento para o retorno híbrido, de 40% ou 50%, pois todos têm direito a esse retorno. A Secretaria está se organizando para antes de 1º de julho”, afirmou.

Na última quinta-feira (4), foi publicado decreto no Diário Oficial de Campo Grande (Diogrande) prorrogando o prazo de suspensão das aulas presenciais até o dia 1º de julho de 2021. Havia a expectativa de que neste ano a rede pública municipal adotasse o ensino híbrido, conforme ocorre nas escolas particulares desde o fim do ano passado.

A secretária enfatizou a importância do retorno com segurança e responsabilidade. A questão do percentual de alunos para retorno, a dificuldade para retomar as aulas integrais, os alunos que precisam do transporte público estão entre as preocupações. Além disso, nos Emeis (Escola Municipal de Ensino Infantil) a bebês de 4, 5 meses de idade, o que exige contato direito com os profissionais.

Opiniões – Depois da apresentação, os vereadores deram sua opinião sobre a retomada das aulas. O vereador Valdir Gomes defendeu que “sem vacina, não pode ter volta às aulas”. Ele acrescentou que “enquanto não tiver vacina e a pandemia parada, é loucura colocar criança e servidores em sala de aula para serem contaminadas”. Citou ainda características das escolas e dos Emeis (antigos Ceinfs), onde as salas são pequenas e lotadas de crianças.

O mesmo entendimento foi manifestado pelo vereador Tabosa, que destacou também a defesa da ACP e do Sisem pela imunização de administrativos da Educação, professores e outros profissionais antes do retorno presencial às salas de aula. “Se juiz determinar, vamos recorrer judicialmente. Não tem o que se falar de volta às aulas sem vacinação. O Ministério Público vai se responsabilizar pelas vidas perdidas? Não estamos falando de volta às aulas, mas de vidas”, afirmou.

A preocupação do vereador Dr Loester é para que não ocorra o mesmo que aconteceu com os profissionais da saúde, com centenas de óbitos diante do trabalho que não poderia recuar. “Considero que o mínimo de segurança é todo pessoal da educação vacinado”, afirmou.

O contexto que envolve os alunos retornarem de forma presencial às salas de aula foi destacado pelo vereador Tiago Vargas. “Nem todos moram na mesma região que estudam. Terão que pegar ônibus, precisamos seguir série de critérios para diminuir propagação. Imagina colocarmos crianças no transporte público? Temos outros canais para oferecer esse estudo”, afirmou.

O vereador Professor Riverton protocolou em Brasília (DF) pedido para imunização dos profissionais de educação. “A volta às aulas tem que ser com segurança. Há todo mecanismo adotado pela secretaria, desde estudo dos servidores com comorbidades. Temos que pensar em todos os profissionais. Só teremos segurança com imunização dos profissionais. Sou contrário a voltar sem imunização”, argumentou. O vereador Silvio Pitu exaltou a importância desse pedido feito pelo vereador Professor Riverton e de os vereadores estarem presentes e participando da discussão.

Para o vereador Professor Juari, existe de um lado o clamor de alguns pais que precisam trabalhar e, por isso, querem que os filhos retornem à escola e, de outro lado, existe a prudência. “Temos que respeitar, ponderar e não sermos radicais. A equipe deve ter visto todas as possibilidades, fazer gerenciamento de risco”, afirmou.

A complexidade da situação também foi destacada pelo vereador Clodoilson Pires, que ressaltou a importância de planejar formas de minimizar os prejuízos aos alunos quando as aulas forem retomadas com segurança.

O vereador Ayrton Araújo do PT também considera que esse semestre as aulas ainda não devem retornar, pois precisa da vacina para a população. “Estamos aqui para defendermos o interesse da população. O MPE quer que retorne, mas é complicado”, disse.

Fazendo um contraponto na discussão, o vereador Sandro Benites defendeu a volta às aulas com segurança e criatividade. Ele acrescentou que não há crianças internadas em UTI com Covid-19 e argumentou que a criança somente transmite se tiver sintomas. Comparou ainda que o comércio, shopping e até mesmo a Casa de Leis está funcionando.  “Enxergo o papel fundamental da educação. Se não temos vacina nem para profissionais da saúde, vamos voltar daqui um ou dois anos. Sou a favor da volta, com segurança e criatividade. Pode voltar em dias alternados, utilizando a sala de aula com criatividade, usando máscara e álcool 70. O profissional na sala de aula não tem risco maior do que a pessoa que está no comércio. Por que professor vai ter risco maior do que a pessoa que está padaria? É um contraponto para repensar”, disse. Ele afirmou ainda que hoje a taxa de ocupação de leitos está em 75% na Capital.

Acessos – “Não podemos reparar um erro cometendo outro erro”, ressaltou a vereador Camila Jara, demonstrando estar correto o posicionamento da Secretaria diante dos índices baixos de vacinação. Ela acrescentou ainda o pedido de chips com internet e tablet para crianças, que estão com dificuldades para ter esse acesso. A secretária esclareceu que havia necessidade de organização financeira e processo licitatório para essas aquisições.

O vereador Victor Rocha também demonstrou preocupação com as crianças que estão tendo dificuldade para acesso à internet nas aulas remotas. “A gente defende a vacinação de todos os profissionais de educação sim. Na rede privada, há uma facilidade maior de controle. No município temos preocupação, algumas moram longe e dependem de ônibus, por exemplo”, disse.

Saúde mental – A saúde mental dos professores durante essa fase da pandemia também foi tema de debate na Casa de Leis. O vereador Ronilço Guerreiro disse que recebeu muitas mensagens de professores, reclamando de depressão e ansiedade. “Precisamos de um programa de saúde mental para os professores, porque, assim como os alunos, eles não estavam preparados para esse momento”.

A superintendente da Semed, Alelis de Oliveira Gomes, apresentou informações sobre projeto de saúde mental desenvolvido desde 2018, que se tornou projeto de lei e política pública do Município. Atualmente, são 1,7 mil profissionais atendidos e acompanhados. “Temos ponte muito direta com a saúde. Estamos atendendo em casa servidores que tentaram suicídio. Ligamos aproximadamente 9 mil vezes para servidores no ano passado, muitos numa situação de depressão profunda. Nosso trabalho não é tão divulgado, precisamos da confiança e precisamos manter esse sigilo. Temos atendido a todos, inclusive fim de semana com visitas presenciais a alguns profissionais”.

A reunião foi transmitida on-line e está disponível no Youtube da Casa de Leis: https://www.youtube.com/camaramunicipalcg e no Facebook https://www.facebook.com/camaracgms

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