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Justiça cassa fiança e volta a prender funcionária de creche onde crianças e bebês eram torturados e dopados

Foi presa nessa quinta-feira (27) a mulher de 26 anos que trabalhava como cuidadora auxiliar em uma creche interditada pela Polícia Civil no último dia 10 de julho, na cidade de Naviraí, em decorrência de uma série de crimes relacionados a violência e maus-tratos contra crianças e recém-nascidos. Além dela, a ex-patroa e proprietária do estabelecimento, de 30 anos, também está presa de forma preventiva.

A funcionária foi alvo de um mandado de prisão expedido pela Justiça. A autora estava residindo na cidade de Ivinhema. Segundo a investigação do caso, ela travalhava no local na função de cuidadora e, junto com a proprietária, torturou e dopou crianças e bebês que eram deixados pelos pais e responsáveis no estabelecimento para que fossem bem cuidados e educados.

Justiça cassa fiança e volta a prender funcionária de creche onde crianças e bebês eram torturados e dopados
Local onde a creche funcionava foi interditado pela polícia (Foto: PCMS)

Ainda de acordo com a polícia, ao ver que seria presa, a mulher tentou se esconder dentro da casa em que estava abrigada, mas foi encontrada em um dos quartos e se entregou. Antes, a equipe chegou a ir até um endereço situado na cidade de Angélica, porém, a autora não foi localizada e, então, obtiveram a informação de que estava escondida na cidade de Ivinhema.

Da mesma forma que sua ex-patroa, a funcionária também foi presa em flagrante no dia da operação policial contra as atividades ilegais da creche. Naquele dia, através de câmeras de videomonitoramento que tinham sido instaladas internamente na casa pela investigação do caso, os policiais flagraram elas dando remédio para enjoo a um bebê de 11 meses para que dormisse.

No entanto, a auxiliar foi solta após pagar fiança na ordem de R$ 1.320,00, já que não havia provas suficientes da sua participação nas agressões físicas praticadas contra as crianças. Contudo, durante o curso das investigações a Polícia Civil descobriu novas imagens onde é possível visualizar que a cuidadora presenciou as agressões físicas e verbais praticadas pela dona da creche contra uma bebê e não fez nada para a defesa das vítimas.

Ainda segundo a investigação, a funcionária também foi agressiva com uma bebê de 11 meses. Diante das novas provas, a polícia pediu a cassação da fiança e a prisão preventiva da suspeita. A medida teve parecer favorável do Ministério Público e foi deferida pelo Poder Judiciário. Agora, a ex-cuidadora está presa em uma cela apropriada da delegacia de Ivinhema à disposição da Justiça e deve ser transferida para um presídio estadual em breve.

Creche funcionava ilegalmente

Justiça cassa fiança e volta a prender funcionária de creche onde crianças e bebês eram torturados e dopados
Apesar se conhecido como creche, era apenas a casa da mulher que prestava serviços de cuidados a crianças (Foto: PCMS)

O inquérito foi encerrado no dia 19 desse mês, sendo que a proprietária foi indiciada por crime de maus-tratos, tortura e exposição da vida ou saúde a perigo iminente. Apesar de ter o nome ‘creche’, o local era a própria casa da autora que prestava serviços de cuidadora de crianças sem fins educacionais. Uma das provas para isso foi o fato de que não possuia alvará de funcionamento ou qualquer outra documentação que comprovasse o exercício legal de uma instituição de ensino infantil.

Ainda conforme o inquérito, de maneira explícita, a empresária agrediu físicamente e psicologicamente ao menos 20 crianças na faixa-etária do zero aos sete anos. “Convicta da impunidade de cometer os atos ilícitos há meses, sem que nenhuma ação fosse tomada. Estava convicta nas dissimulações que fazia com os pais das vítimas e segura de que não seria descoberta porque boa parte das crianças sequer conseguia falar, já que eram bebês”, detalha a investigação.

Entre as agressões cometidas estavam puxões de cabelo, beliscões, tapas no rosto, pescoço escopo que era usados como desculpa para “castigar e disciplinar” as crianças, mas eram repassadas como acidentes domésticos aos pais, como se as vítimas tivessem caído e se machucado.

Ainda segundo o documento, em um dos casos descobertos, a empresária esfregou uma calcinha suja de fezes no rosto de uma menina de 6 anos e portadora do espectro autista como forma de punição por ter feito cocô na roupa e, por isso, precisava ser “doutrinada”. Outra criança, de três anos, vomitou em uma das refeições e teve o rosto esfregado no prato.

As crianças que faziam xixi na roupa eram colocadas em situação vexatória, porque a proprietária obrigava as outras crianças a fazerem roda, bater palmas e os chamarem de ‘mijões’, além disso ameaçava de cortar o órgão genital delas, caso voltassem a fazer xixi no colhão. Houve relato de que uma das crianças teve a roupa molhada de xixi esfregada no rosto como castigo.

De acordo com o relato da mãe de uma das crianças, de sete anos, a filha contou que devia ficar sentada assistindo tv, porque se fizesse bagunça a proprietária iria deixá-la de castigo, ajoelhada no milho até o joelho sangrar. Outra mãe perguntou para o filho por que ele nunca havia falado sobre tais agressões e ele respondeu que a proprietária o ameaçou colocá-lo de castigo, deixando-o ajoelhado até os joelhos sangrarem.