Investigada pela PF, empresa de engenharia recebeu R$ 106 milhões da Prefeitura de Três Lagoas
Deflagrada nesta quinta-feira (09), a Operação Pedra de Toque, da Polícia Federal e Controladoria Geral da União (CGU), cumpriu mandados de busca e apreensão em escritórios de uma empresa de engenharia situado em Campo Grande e na cidade de Florianópolis (SC).
Conforme a apuração, a empresa teria recebido R$ 106 milhões da Prefeitura de Três Lagoas por meio de um esquema de fraude no procedimento licitatório. Os envolvidos irão responder por peculato, apropriação e associação criminosa.
No curso do processo foram identificadas irregularidades na adesão da Prefeitura à ata de registro de preços de órgão federal para serviços de engenharia. Houve direcionamento indevido da contratação para uma determinada empresa.
No período de 2017 a 2021, a empresa investigada recebeu exatos R$ 106.699.051,00 da administração municipal e parte desses recursos teve origem em repasses federais para a área da saúde.
Ao todo, foram cumpridos 20 mandados de busca e apreensão nas cidades de Três Lagoas, Campo Grande, Coxim, Naviraí e Florianópolis. A 1ª Vara da Justiça Federal de Três Lagoas determinou sequestro e bloqueio de cerca de R$ 23 milhões de bens de cada indiciado.
Em Campo Grande, o mandado foi cumprido na sede da empresa, na Avenida Via Parque, em um prédio que abriga quatro empresas. Uma funcionária abriu a porta do prédio, depois, um chaveiro e um pé de cabra foram usados para abrir o escritório.
A Polícia Federal também identificou a existência de empresas de fachada e empresas fantasmas, utilizadas para realizar transações financeiras entre os envolvidos. Entre as apreensões, além de computadores e documentos, estão veículos e relógios.
Procurada, a Prefeitura de Três Lagoas disse, em nota à imprensa, que tanto a Prefeitura e quanto o prefeito Ângelo Guerreiro não foram citados. “Não compactuam com qualquer tipo de irregularidade, prezam pela legalidade e transparência de seus atos públicos”.
A Prefeitura também adiantou que, tratando-se de uma ação envolvendo servidores, se necessário for, instaurará Procedimento Administrativo para apuração de eventuais condutas desconformes.
Sobre as obras e serviços, o Município garantiu que ocorreram através da adesão à ata de processo licitatório do Exército Brasileiro. “Por fim, informamos que a execução do contrato já foi objeto de investigação pelo Ministério Público do Estado de Mato Grosso do Sul, que concluiu pelo arquivamento”, finaliza.