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Insegurança da administração pública vai levar Campo Grande ao colapso

Campo Grande é o epicentro do novo coronavírus em Mato Grosso do Sul e, na contramão do recomendado pelas autoridades de saúde e especialistas, o prefeito Marcos Trad (PSD) opta por flexibilizar as medidas de prevenção. Já tendo batido a marca de 10 mil casos da doença e com 130 vítimas fatais, a Capital agora se vê muito próxima de ter 100% de seus leitos clínicos e de UTI ocupados, resultando em um verdadeiro colapso na saúde.

Marcos Trad tem usado diariamente as redes sociais para discursar sobre o avanço do vírus e apresentar o diagnóstico da situação. Aliás, a transmissão de vídeos ao vivo (a chamada live) é uma das consequências da pandemia que deve permanecer, uma vez que caiu no gosto da população e, principalmente, da classe política. Nas últimas transmissões, o gestor se mostrou perdido (no sentido literal da palavra) diante dos próximos atos para frear o crescimento da doença. “Eu realmente não sei mais o que fazer“, chegou a afirmar em uma dessas lives.

O prefeito, que já age em ritmo de pré-campanha para a sua reeleição no pleito de logo mais – também afetado pela pandemia e adiado para os meses de novembro e dezembro -, demonstra total insegurança nas decisões que tem tomado. Embora seja uma medida considerada extrema, o lockdown é visto como a melhor medida para evitar a superlotação dos hospitais e a consequente falta de leitos (realidade que sempre existiu em Campo Grande, diga-se de passagem).

Influenciado por associações empresariais que defendem, unicamente, os seus interesses financeiros particulares, Trad tem medo de determinar medidas mais radicais e prefere culpar os municípios vizinhos por sobrecarregarem os hospitais de Campo Grande; a própria população por não respeitar as medidas impostas pela Prefeitura; e até mesmo os acidentes de trânsito.

Ao mesmo tempo, ele não reconhece a fragilidade da fiscalização, que não chega a todos os bairros; do baixo número de agentes fiscais para evitar o descumprimento do isolamento social; e das falhas nas sinalizações dos cruzamentos de ruas e avenidas para evitar os acidentes.

De mãos atadas, o prefeito se limita a apenas alterar periodicamente o horário de abertura e fechamento do comércio e do toque de recolher, aproveitando o espaço midiático que o cargo lhe oferece para fazer uma espécie de campanha antecipada, transpondo ao povo que ele está fazendo alguma coisa para conter a pandemia, mesmo sabendo que não é o suficiente.

Marcos Trad tem hoje a oportunidade de mostrar ser um político excepcional, conseguindo conduzir a cidade para longe de um caos premeditado, no entanto, para tal feito é preciso ter o pulso firme de um autêntico administrador, sem temer as consequências de suas decisões. O comércio vive da reinvenção, do enfrentamento às crises anuais, enquanto que a doença provoca sequelas imutáveis, como a morte de entes queridos. E para evitar isso é fundamental o posicionamento correto daqueles que administram o Poder Público.

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