Inédito no mundo, hospital especializado em animais silvestres será entregue no início de 2023
Deve ser entregue ainda nos primeiros dias do próximo ano o 1º hospital especializado em animais silvestres do mundo que está sendo construído em Campo Grande. O empreendimento tem 1.153,33 m² de área construída e já está na fase de acabamento, segundo informou o diretor de Obras Civis da Agesul, Gustavo Henrique dos Santos.
A previsão é que até dezembro a maior parte do hospital esteja concluída. “Estamos na fase de acabamento, revestimentos, elétrica, forro, implantação de pisos da área externa e interna e pintura. A equipe de pintura já está trabalhando no local junto com a elétrica, com a parte externa dos pisos, parte de louças e metais, como pias e bancadas, que estão sendo instaladas”, citou ele.
O espaço oferecerá condições de recuperação dos bichos feridos, como cachorro-do-mato, jaguatirica, onça parda, veado, araras, urubus, maritacas, periquitos e anta, que hoje estão no grupo de cerca de 250 hóspedes do Centro de Reabilitação de Animais Silvestres (CRAS) do Parque do Prosa, em Campo Grande.
O local é uma referência no cuidado dos bichos vítimas de queimadas, atropelamentos e da caça ilegal no Pantanal, e recebe diariamente diversos animais, que após receberem todos os cuidados necessários são devolvidos à natureza. O CRAS conta com um staff técnico completo com médicos veterinários, biólogos e zootecnistas.
Com o hospital, a expectativa é ampliar o espaço, ofertando melhores condições de trabalho para os servidores e até parcerias. “A nova clínica vai dar uma importante estrutura para o trabalho de recuperação dos animais silvestres. O local poderá funcionar como escola de residência para cursos de veterinária e biologia e formar mão de obra especializada”, declarou.
Responsável técnico do CRAS, o veterinário Lucas Cazati afirma que o novo hospital vai aprimorar o trabalho de preservação e repovoamento de espécies ameaçadas de extinção de biomas como o Cerrado e o Pantanal, que é Patrimônio Natural da Humanidade e Reserva da Biosfera pela Unesco.
“O Pantanal Sul-mato-grossense é o maior conjunto de biomas do mundo. Então, para isso, nós temos que ter um centro de referência internacional, como já somos, para que a gente possa atender, melhorar e devolver à natureza. O melhor de tudo: trabalhar na inserção do animal, no sentido de repovoar algumas espécies que já estão ameaçadas de extinção, apontadas pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade”, explicou Cazati.
A nova unidade de saúde terá espaços administrativos, salas de cirurgia, ambientes para quarentena e laboratórios para exames. O hospital veterinário vai modernizar o atendimento aos bichos das mais diversas espécies que vivem no Pantanal, Cerrado e Mata Atlântica e que forem resgatados com problemas de saúde, como aves, répteis e mamíferos.
Desde sempre, o CRAS faz um trabalho de anjo da guarda dos animais silvestres, com procedimentos que eram inéditos, como o implante de bico em uma arara-canindé adulta e a prótese da parte de o bico de um tucano.
“Hoje nós já somos referência internacional na produção de literatura científica e pesquisa técnica. E nós fizemos alguns procedimentos que nunca foram feitos até então. O primeiro implante de bico autógeno, de outra ave. Retiramos o bico de uma arara que teve morte natural e utilizamos em outra que teve o bico quebrado, que foi mutilada. Esse procedimento não existia. Hoje nós temos a produção de órteses e próteses de impressora 3D. Então eu consigo mapear e através da digitalização fazer um novo membro. Esse animal vai continuar com a capacidade reprodutiva e pode ser devolvido à natureza”, finaliza o veterinário.