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Horta caseira é legado que Eliete carrega da mãe e quer deixar para os filhos

Muito mais que uma simples plantação de legumes e hortaliças orgânicos, Eliete carrega na alma os aprendizados que a mãe Maria dos Reis Alencar deixou. Ela conta que a mãe criou sozinha dez filhos, com muito amor, frutas, legumes e verduras vindo direto do quintal. A plantação também gerava renda que pagava as demais despesas, além da alimentação.

“Minha mãe era uma guerreira. Ela cuidou da gente e nunca teve muita dificuldade porque sempre plantou, cuidou de galinhas e de porcos. Então, nunca nos faltou o que comer”, diz a técnica de enfermagem Eliete dos Reis Alencar.

O gosto pela terra que ela herdou de dona Maria, hoje, quer deixar para os filhos. “Minha mãe não tinha estudo e foi isso que ela nos ensinou. Eu tenho quatro filhos, de 16, 17, 20 e 26 anos. Eles não gostam muito de mexer na terra, mas acredito que quando tiverem o cantinho deles vão mudar de ideia. Minha mãe não se encontra mais aqui, mas esse amor que ela deixou está presente. Seria muito bom se as pessoas se dedicassem a cuidar dos próprios alimentos”, conta, enumerando que em seu quintal tem cebolinha, tomate, alho-poró, pimenta, mandioca e muitas outras coisas.

Rafaela da Costa, que trabalhava como auxiliar-administrativo, e deixou a empresa no período da pandemia para cuidar da filha mais nova concorda

“Eu tenho uma menina de 4 anos, que ficou muito doente quando começou a frequentar a escola, aí optei por ficar em casa. Hoje sou dona de casa, costureira e tenho uma plantação no quintal. Lido com pragas na minha horta e hoje aprendi bastante sobre combater esse problema de forma não-agressiva, sem agrotóxico. Também aprendi sobre adubação, chorume, muitas coisas que eu não sabia”, diz.

Na casa dela tem muitas plantas medicinais e temperos, como salsinha e cebolinha. “Agora tudo que aprendo aplico em casa”, afirma.

Alex Fábio, analista de desenvolvimento social do programa Mesa Brasil do SESC, que é parceiro da Sidagro na Oficina de Hortas Caseiras Orgânicas, explica que esse é uma das principais razões do projeto: erradicar a fome, alcançar a segurança alimentar, melhorar a nutrição e promover a agricultura sustentável.

“Temos essa parceria com a Prefeitura de Campo Grande, onde através de técnicos da área agrícola estamos proporcionando essa oficina de horta caseira orgânica, que é um dos pilares para combater a fome e levar conhecimento para as pessoas poderem replicar e assim ajudarmos no combate da insegurança alimentar”, diz.

Acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar e melhoria da nutrição e promover a agricultura sustentável é um dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030 da ONU.

A iniciativa, lembra o secretário da Secretaria de Inovação, Desenvolvimento Econômico e Agronegócio, vem ao encontro do ODS 2.

“É mais uma ação, que atuamos junto com o SESC, que vem garantir o acesso de todas as pessoas, em particular as em situações vulneráveis, incluindo crianças, a alimentos seguros, nutritivos e suficientes durante todo o ano”, diz.

A Oficina: Horta Caseira Orgânica – como plantar e consumir em casa alimentos saudáveis aconteceu nesta quarta-feira (9) e sexta-feira (11) na Incubadora Estrela Dalva.

Promovida pela Prefeitura de Campo Grande, através da Secretaria Municipal de Inovação, Desenvolvimento Econômico e Agronegócios (Sidagro), em parceria com o Serviço Social do Comércio (Sesc), foi ministrada pela nutricionista e culinarista Neuza Durães dos Santos.

Ela também é pesquisadora de receitas com perfil nutricional específico para casos de reversão, aporte nutricional e restauração em patologias, e manutenção na saúde de forma individual e coletiva com práticas sustentáveis.

Participaram do evento moradores da região e idosos do Programa Viver Bem, da Unimed CG.

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