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Fogo no Pantanal é ‘em proporções nunca registradas’

“Proporções nunca registradas”. “Cenário é de devastação”. É assim que o governo de Mato Grosso do Sul define a situação da queimada que voltou ao Pantanal no fim de semana. Ao menos 50 mil hectares de vegetação nativa já foram destruídos em uma faixa de 50 quilômetros que vai da BR-262 a áreas de difícil acesso mata a dentro.

O chefe de Proteção Ambiental do Corpo de Bombeiros, coronel Waldemir Moreira, explica que o fogo na região pantaneira começou na sexta-feira (25), combate começou no sábado e mesmo assim, no domingo (27), já tinha tomado grandes proporções. “É bem grave”, resume o oficial. “São linhas de incêndio muito extensas”.

Conforme o governo do estado, as chamas destroem trechos do Pantanal que ficam nos municípios de Corumbá, Miranda e Aquidauana. São áreas particulares, a partir do km 600 da BR-262, nos dois extremos da rodovia, chegando próximo a Porto Morrinho, que é onde fica a ponte sobre o Rio Paraguai. Estes três municípios estão em situação de emergência desde setembro por conta dos incêndios.

Fogo na vegetação perto da rodovia — Foto: Corpo de Bombeiros/Divulgação
Fogo na vegetação perto da rodovia — Foto: Corpo de Bombeiros/Divulgação

O fogo está também na região da Estrada Parque, onde ficam diversas fazendas de pecuária e turismo. A maioria com lotação completa de turistas em razão da proximidade do encerramento da temporada de pesca nos rios do Pantanal. “Algumas pessoas estão ilhadas”, fala Waldemir Moreira.

A queimada forma uma linha que chega a 50 km, algo jamais visto pelos antigos pantaneiros e ribeirinhos, segundo relatos deles às equipes que fazem o combate no local.

O fogo tem avançado rapidamente por conta da combinação altas temperaturas e ventos fortes. “Condições ideais, extremamente rápidas para propagação”.

O combate às chamas é feita por via terrestre e área, sendo esta última em parceria com o Mato Grosso. A aeronave do estado vizinho tripulada por bombeiros com experiência em incêndios florestais joga água.

“A progressão e a variação do fogo nessa região do Pantanal de Mato Grosso do Sul é “algo impressionante”, disse o piloto tenente-coronel Flávio Gledson Vieira Oliveira, com mais de 12 anos na atividade.

Linga de fogo no Pantanal de MS — Foto: Corpo de Bombeiros/Divulgação
Linga de fogo no Pantanal de MS — Foto: Corpo de Bombeiros/Divulgação

Até terça-feira (29), a aeronave do Mato Grosso havia realizado 18 voos sobre os focos de calor na região da Estrada-Parque, despejando 50 mil litros de água, durante 7h20. Estas ações necessitam de coordenação com as equipes de solo para surtir efeitos, contudo as dificuldades de acesso por terra aos pontos de focos tem sido um dos obstáculos

O avião já estava em Mato Grosso do Sul, antes mesmo de ser acionado, por conta de um evento internacional sobre queimadas que é realizado desde segunda-feira (28), na capital.

Rodovia
Como o fogo está nas duas margens da BR-262, que liga o restante do Brasil ao Pantanal e à Bolívia, por Corumbá, a visibilidade em razão das fumaças é baixa. A situação fica mais crítica à noite e a orientação da Polícia Rodoviária Federal (PRF) é que se evite passar pela rodovia no período noturno a partir das proximidades de Dois Irmãos do Buriti.

Incêndio de grandes proporções fecha rodovia de MS. — Foto: Reprodução/TV Morena
Incêndio de grandes proporções fecha rodovia de MS. — Foto: Reprodução/TV Morena

Incêndio em setembro

De acordo com o Corpo de Bombeiros, esta queimada é de proporção ainda maior que a registrada em setembro, quando um incêndio destruiu muito do Pantanal do estado. Somente em uma fazenda, o fogo acabou com 35 mil hectares. Lá, existem trabalhos de pesquisa, ecoturismo e pecuária. Agora, começaram pesquisas para saber como a natureza vai reagir.

Diversos municípios decretaram emergência por conta das queimadas e para ajudar no combate às chamas, vieram para Mato Grosso do Sul bombeiros do Distrito Federal e de São Paulo.

No fim do mês, choveu na região e os focos de incêndio acabaram. Os bombeiros desmobilizaram as equipes e os de outros estados encerraram o trabalho no Pantanal.

*Por G1 MS