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Fahd Jamil passa noite na cadeia com alimentação especial, colchão e remédios levados pela defesa

Preso desde a manhã de segunda-feira (19), o empresário Fhad Jamil passou a noite sozinho em uma das celas comuns da Delegacia de Repressão a Roubo a Banco, Assaltos e Sequestos (Garras), em Campo Grande.

Segundo o advogado Gustavo Badaró, devido às condições de saúde do empresário, que tem apenas um pulmão, foi autorizado que a defesa levasse um colchão e remédios para ele, um aparelho de oxigenoterapia e alimentação especial, que deve ser solicitado para que seja permanente.

Fahd está numa cela comum do Garras. Está sozinho, em isolamento, conforme orientações de biossegurança, por causa da pandemia.

Ainda na segunda-feira ele passou por exame de corpo de delito. Em uma quebra de protocolo, um médico do Instituto Médico e Odontológico Legal (Imol) foi até o Garras. O delegado Fabio Peró informou que isso ocorreu para garantir segurança do preso.

O empresário deve passa por audiência de custódia no fim da tarde desta terça-feira (20). Nesta audiência, o juiz já pode analisar um pedido de prisão domiciliar feito pela defesa. O Ministério Público já se manifestou sobre o pedido. O processo tramita em sigilo.

A defesa disse que Fahd não dará nenhum tipo de delação premiada, porque isso seria reconhecer os crimes, dos quais diz ser inocente.

Prisão

O empresário era procurado sob a acusação de vários crimes, homicídio e organização criminosa e entregou à polícia no Aeroporto Santa Maria. Ele chegou em aeronave particular e foi montado um esquema de segurança para garantir a integridade dele, que diz receber ameaças de morte.

Antes de se entregar, Fahd divulgou uma carta dizendo ser inocente em relação às acusações feitas a ele e que sempre colaborou com a segurança na região de fronteira entre Brasil e Paraguai. Afirmou também estar com a saúde debilitada.

Acusações

O empresário Fhad Jamil e seu filho, Flávio Correia Jamil Georges, são acusados pelo Ministério Público Estadual (MP-MS) de integrarem organização criminosa que atuava em Ponta Porã e tinha parceria com o grupo criminoso que seria comandado pelos também empresários Jamil Name e Jamil Name Filho, em Campo Grande.

A ligação entre as duas organizações foi apontada nas investigações da 3ª fase da operação Omertà. De acordo com denúncia apresentada em julho de 2020 e aceita pela Justiça, havia uma grande proximidade entre as duas supostas organizações criminosas. Os grupos, teriam atuado conjuntamente, em pelo menos dois homicídios, o do pistoleiro Alberto Aparecido Roberto Nogueira, o Betão, e o do ex-chefe da segurança da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul, Ilson Martins Figueiredo, o Figueiredo.

O MP-MS destaca na denúncia, que o grupo liderado por Fahd Jamil, não era o alvo inicial da investigação, mas sua atuação acabou sendo apurada também em razão dos crimes que ligam essa organização a chefiada por Jamil Name, mas precisamente na aquisição e transporte de armas de fogo de grosso calibre (fuzis) e na preparação e execução de homicídios, como o de Figueiredo.

A denúncia aponta que os dois chefes dos supostos grupos criminosos, Jamil Name e Fahd Jamil eram compadres. Destaca que a ligação entre as organizações ficou bem clara logo após a quebra do sigilo bancário de Jamil Name durante outras fases da operação Omertà, quando se constatou que ele pessoalmente ou por meio de sua esposa, fez oito transferências bancárias entre maio de 2016 e junho de 2019 para o filho de Fahd, Flávio Correia Jamil Georges, no montante de R$ 130 mil.

Fahd Jamil, que na denúncia do MP-MS chegou a ser chamado de “Rei da Fronteira” pelo suposto poder que tinha na região, sendo comparado pelos promotores do Ministério Público a um “padrinho da máfia representado nos filmes de gangster” está sendo acusado de integrar organização criminosa armada, corrupção ativa e tráfico de armas de fogo.

Seu filho, Flávio Correia Jamil Georges, o Flavinho, foi denunciado pelos mesmos crimes e ainda por violação de sigilo funcional. Ele é acusado de ter obtido de policial federal, também denunciado neste processo, informações sigilosas para o grupo.

Outra denúncia

Fahd Jamil, Flávio Correia Jamil Georges, além de Jamil Name, Jamil Name Filho também são réus em outra denúncia fundamentada pelo MP-MS na 3ª fase da Omertà, a de obstrução de Justiça em relação a investigação de três assassinatos.

A denúncia de obstrução de Justiça é em relação a três homicídios: Ilson Martins Figueiredo, Alberto Aparecido Roberto Nogueira e Anderson Celin Gonçalves.

Ilson de Figueiredo, de 62 anos, era chefe de segurança da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul. Ele foi assassinado no dia 11 de junho de 2018, na avenida Guaicurus, no Jardim Itamaracá. Seu carro foi perseguido e ele foi morto a tiros por suspeitos que estavam em outro carro.

Já Anderson Celin Gonçalves, era policial civil, e Alberto Aparecido Roberto Nogueira, conhecido como “Betão” era suspeito de pistolagem e teria ligações com o narcotraficante Fernandinho Beira-Mar. Os dois foram mortos em 21 de abril de 2016, em Bela Vista. Os corpos foram encontrados carbonizados na carroceria de uma caminhonete.

*Por G1 MS

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