Estado se antecipa ao período da seca e faz ‘queima prescrita’ no pantanal do Rio Negro
Para prevenir os efeitos das queimadas, o Parque Estadual do Pantanal do Rio Negro está passando por um processo chamado de queima prescrita. O procedimento, considerado inédito na região pantaneira, reduz a quantidade de biomassa para minimizar os riscos causados pelo fogo, inclusive de propagação.
Ao todo, 42 bombeiros e servidores do Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul), além de representantes do Ibama/Prevfogo, Ongs e a UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul participam da operação, que começou no último domingo (06) e segue pelo menos até a próxima semana.
O parque tem 78,3 mil hectares nos municípios de Aquidauana e Corumbá, sendo a primeira a receber o emprego de técnicas do MIF (Manejo Integrado do Fogo), em antecipação aos incêndios florestais previstos para este ano.

O subdiretor da DPA (Diretoria de Proteção Ambiental) do Corpo de Bombeiros, major Eduardo Teixeira, disse que a ação materializa a preocupação do Estado em melhorar a prevenção de combate a incêndios no Pantanal.
“A proposta do Manejo Integrado do Fogo, nesta ação de queima prescrita, tem intenção de formar mosaicos nos quais, e caso o incêndio entre, a intensidade dele é diminuída, facilitando o combate e o controle dessas chamas”, explicou.
O major disse que a intenção é medir os resultados obtidos para replicar a estratégia em outras unidades de conservação. “Buscamos com isso mitigar efeitos de possíveis incêndios e reduzir prejuízos, tanto na fauna, flora, como em propriedades próximas”, completou.
O doutor em biologia e professor da UFMS, Geraldo Damasceno Júnior, responsável pelo Nefau, destacou que essas ações preventivas reduzem os riscos de grandes incêndios florestais, como aconteceu em 2024.
“Com o uso do fogo de forma controlada, por meio da queima prescrita, aliado a ações educativas, temos mais chances de evitar grandes catástrofes causadas pelo fogo dentro do parque”, declarou.
Já o diretor-presidente do Imasul, André Borges, frisou que o Estado está se preparando para a temporada de queimadas deste ano. “Ao realizarmos essa ação de forma controlada e com base em critérios técnicos, conseguimos minimizar os impactos ambientais e reduzir significativamente o risco de incêndios florestais de grandes proporções”.

O tenente Alexandre Araújo, engenheiro ambiental da DPA, comentou que o uso de tecnologia contribui para o sucesso da operação. “Utilizamos uma estação meteorológica portátil para medir a velocidade do vento, a umidade do ar e a temperatura. Esses dados são fundamentais para garantir o uso seguro do fogo, com o menor impacto possível”.
Além dos sensores portáteis, os bombeiros usam aplicativos de navegação para traçar rotas e orientar as equipes em campo. Também fazem uso de drones, que oferecem uma visão aérea estratégica das áreas de atuação. “A partir do alto, conseguimos planejar melhor as ações e aumentar a eficiência no controle do fogo”, destacou o tenente.
Os veículos usados nas ações no Pantanal são especialmente adaptados para atuação na área, entre eles está o caminhão ‘auto bomba’, projetado para atuar em terrenos acidentados.

“Esse caminhão possui estrutura reforçada, sistema de molas elevado e chassi adaptado, o que garante desempenho seguro em áreas como pastagens, estradas vicinais, terrenos lamacentos e arenosos”, explicou o sargento Elcio Matheus Barbosa.
Com capacidade para armazenar aproximadamente 7 mil litros de água, o veículo abastece outras viaturas e combate diretamente as chamas. Um dos diferenciais é a possibilidade de dispersão de água enquanto o caminhão se move lentamente.
Outro recurso Lança um jato em forma de leque com raio de aproximadamente 5 metros, criando uma linha de combate segura. “A viatura avança em baixa velocidade enquanto os militares combatem o fogo simultaneamente, o que nos dá mais agilidade e eficiência”, disse o sargento.