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Em situações parecidas, André e Delcídio buscam a reabilitação política

Os chamados ‘anos pré-eleitorais’ possibilitam ao observador político elaborar teorias através de pequenos detalhes, como a participação de lideranças de outros partidos em eventos de outra agremiação. Foi o que aconteceu neste sábado (21), na Câmara Municipal de Campo Grande, durante o Encontro Regional de Lideranças do PTB, que marcou a posse do ex-senador Delcídio do Amaral como o novo presidente do Diretório Estadual do partido em Mato Grosso do Sul.

Na mesa central do evento, ao lado de Delcídio, estava ninguém menos que o veterano André Puccinelli, líder maior do MDB. Seria o indicativo de uma futura aliança partidária? Ora, Delcídio do Amaral chegou ao PTB já se lançando como pré-candidato a governador no pleito de 2022, reforçando que essa é uma vontade sua bem antiga. André, por sua vez, também sinaliza o mesmo interesse, mas pode passar a focar no Senado Federal. Diante deste cenário, uma mão ajuda a outra e todos saem felizes. Apenas uma teoria!

Se formos elencar os fatos, André Puccinelli e Delcídio do Amaral e MDB e PTB têm no tempo presente muita coisa em comum. No caso dos partidos, ambos vêm buscando a reconstrução no Estado, apostando no ano de 2020 para fortalecerem suas bases municipais. As duas legendas também não definiram ainda quem disputará a Prefeitura de Campo Grande, aliás, em ambos os quadros os mais cotados são André e Delcídio, que igualmente dizem não ter tal vontade.

Puccinelli e Amaral vêm de situações semelhantes, a começar pelo fato de os dois terem sido presos. O primeiro em julho de 2018, em consequência da Operação Lama Asfáltica, acusado de lavagem de dinheiro e corrupção, liberado cinco meses depois. O segundo em novembro de 2015, nos desdobramentos da Operação Lava Jato, solto três meses depois, mas precisou cumprir pena domiciliar e, atualmente, faz trabalho voluntário na Capital.

Em 2018, Delcídio foi inocentado da acusação e chegou a disputar o pleito para o Senado Federal, recebendo votação baixíssima. André, que cumpria pena na cadeia, foi forçado a desistir de concorrer ao Governo do Estado, sendo substituído pelo deputado Júnior Mochi, que também não teve um bom resultado nas urnas. Sem a presença do líder, o MDB viu o seu quadro político diminuir no Estado.

Tanto André quanto Delcídio tem em comum a vontade de dar a volta por cima diante de todos esses fatos negativos acumulados nos últimos três anos. E, ao contrário do que aconteceu em 2006 quando Puccinelli derrotou Amaral na disputa pelo Estado por uma diferença absurda, agora um encontra n’outro a possibilidade de voltar a vencer como nos tempos de outrora.