R$ 600 milhões: Jamil Name está louco ou faz muito bem o papel de ator
Acusado de chefiar uma miliciar armada em Mato Grosso do Sul, responsável pela execução de várias pessoas durante muitos anos, o empresário Jamil Name, hoje com 81 anos de idade, ofereceu, em plena sessão de julgamento ocorrida no dia 27 de maio deste ano, uma propina absurda aos juízes para ser solto no dia seguinte. O vídeo veio à tona somente nesta quarta-feira (24).
Sem dizer para quem faria o pagamento da propina, Name ofereceu de 100 a 600 milhões de reais para conseguir a sua liberdade. “Você passa para o dr. lá de cima, o sr. fala pra ele… o sr. pode dizer pra ele mais uma coisa… que ele me tirando daqui amanhã… amanhã, que… de 100 a 600 milhões vão aparecer dentro do Juízo dele. De negociata de malandro pra ele. O sr. tá entendendo, né?”, declarou ele, em sua fala, na cara dura, surpreendendo a todos que acompanhavam o julgamento.
Após a oferta do réu, que é um dos donos do Jogo do Bicho em Campo Grande, o juiz responsável Roberto Ferreira Filho, da 1ª Vara Criminal de Campo Grande, respondeu que não estava entendendo o que seria esse dinheiro e nem a “negociata de malandro”. Name até persiste na sua negociação até a sessão de depoimento ser suspensa.
Em outra sessão do caso, ocorrida em fevereiro deste ano, o empresário já havia dito que ‘pagava por fora’ algumas pessoas, sem citar nomes e as atividades destes. “Rapaz, eu vou falar um negócio. Eu sustento a cidade. É tanta “mordeção”. É cinquenta aqui, cem ali”, confessou o réu. Para a defesa de Jamil Name, essas declarações são resultado de sua demência psicológica agravadas pela prisão no Regime Disciplinar Diferenciado (RDD) ao qual está submetido no Presídio Federal de Mossoró (RN).
“Jamil Name em razão da idade avançada, 81 anos, somado aos diversos problemas de saúde e, principalmente ao brutal isolamento que está submetido em um presídio federal, em regime de RDD e sem qualquer contato com familiares e advogados por conta da Pandemia, obviamente começa a sofrer uma redução de seus processos cognitivos, e sua compreensão da realidade começa a ficar deturpada, isso fica claro em todas as suas últimas declarações. Nestas condições, a defesa teme, cada vez mais, por sua saúde física e mental. Tudo isso somente comprova a necessidade imediata de sua transferência para Campo Grande, ficando próximo dos familiares e de seus advogados, demonstrando ainda que o mais adequado seria a urgente concessão de uma prisão em cárter domiciliar.”, diz uma nota assinada pelos advogados Tiago Bunning e Rene Siufi.
Diante dos fatos, só podemos concluir que Jamil Name ou está perdendo a sua lucidez, como quem tem os pensamentos conturbados por pesadelos, ou faz de conta que sofre da demência para tentar deixar o presídio federal e ingressar numa clínica psiquiátrica, ou ainda conseguir um habeas corpus para responder em liberdade por todos os seus crimes.
O caso Name
Jamil Name responde a processos por organização criminosa, milícia, por posse irregular de arma de fogo e pelo homicídio do estudante Matheus Xavier. Ele está preso desde o dia 28 de setembro de 2019, quando foi o principal alvo da operação Omertà. Além dele, também respondem pelos crimes o filho dele, Jamil Name Filho, e os ex-policiais civis Márcio Cavalcante e Vladenilson Olmedo, entre outros.
Esteve preso na sede do Garras, em Campo Grande, e depois foi transferido para o Centro de Triagem, no complexo penitenciário. No dia 12 de outubro de 2019 a polícia descobriu um plano do grupo liderado por ele para matar um dos delegados responsáveis pela operação. Após isso, foi transferido para a Penitenciária Federal de Campo Grande, onde ficou menos de um mês. No dia 30 de outubro foi para Mossoró.
Em abril deste ano a defesa de Name entrou com pedido de habeas corpus no STF. O ministro Marco Aurélio determinou a transferência do empresário do Rio Grande do Norte para Mato Grosso do Sul, alegando a idade avançada e ainda no fato dele apresentar várias doenças como diabetes, hipertensão, doença pulmonar obstrutiva crônica, polineuropatia diabetogênica e problemas relacionados à locomoção.
No entanto, no dia 12 de junho o procurador-geral da República, Augusto Aras, recorreu da decisão monocrática de Marco Aurélio, impedindo assim o retorno dele à Campo Grande.