Em MS, 49% dos municípios fecharam o primeiro semestre de 2023 no vermelho
O cenário fiscal em todo o país é de alerta para a Confederação Nacional de Municípios (CNM). Com aumento de despesas e diminuição de receitas, gestores locais, das cinco Regiões do Brasil, relatam dificuldades para fechar as contas. A nível nacional, 51% das prefeituras brasileiras estão no vermelho.
Em Mato Grosso do Sul, 37 Municípios de 75 que enviaram dados ao Siconfi encerraram o primeiro semestre de 2023 com déficit, o que representa 49%. Em 2022, no mesmo período, eram 7 (9% dos respondentes). Confira aqui o estudo completo.
Isso significa que o percentual de comprometimento da receita está alto. Em Mato Grosso do Sul, a cada R$ 100 arrecadados nos pequenos Municípios, R$ 90 foram destinados a pagamento de pessoal e custeio da máquina pública.
“Estamos em diálogo com as autoridades em Brasília e já alertamos. Muitos não veem o que está acontecendo na ponta, mas o problema é grave. Isso é também resultado de despesas criadas no Congresso e pelo governo federal sem previsão de receitas, como os pisos nacionais, caindo toda a demanda no colo dos Municípios”, avalia o presidente da CNM, Paulo Ziulkoski.
Entre as despesas que oneram os cofres das prefeituras do Estado estão, por exemplo, recomposições salariais de servidores municipais, o impacto de reajuste do piso do magistério, que, se concedido como foi imposto pela União, soma R$ 465 milhões, e o atraso no pagamento de emendas parlamentares.
A redução em emendas de custeio – do primeiro semestre de 2022 para o mesmo período de 2023 – é de quase 77%, passando de R$ 169,3 milhões para R$ 38,5 milhões. No total de emendas, a queda foi de R$ 273,1 milhões para R$ 108,8 milhões para o Estado.
Enquanto as despesas de custeio tiveram aumento de 22,3%, o Fundo de Participação dos Municípios (FPM) apresenta mais decêndios menores do que o mesmo período de 2022. No primeiro decêndio de julho, por exemplo, houve uma queda brusca de 34,49% no repasse. Em agosto, a queda foi de 23,56%, explicada por uma redução na arrecadação de Imposto de Renda e um lote maior de restituição por parte da Receita Federal.
Além disso, os gestores de Mato Grosso do Sul enfrentam o represamento de 23 milhões de procedimentos ambulatoriais e 51,3 mil procedimentos hospitalares durante a pandemia, sendo necessários R$ 259,6 milhões para equacionar a demanda; 200 programas federais com defasagens que chegam a 100%; 44 obras paradas e abandonadas por falta de recursos da União; e obras concluídas com mais de R$ 274,7 milhões em recursos próprios sem repasse do governo federal.
Confira aqui o manifesto assinado pelo presidente da CNM, Paulo Ziulkoski.
Propostas
Para reverter a sobrecarga de serviços que recai sobre os Entes locais sem a correta alocação de recursos, a CNM atua por medidas que possam distribuir de forma mais efetiva as receitas do país. Uma delas é o aumento de 1,5% no FPM de março, que tramita na PEC 25/2022, e, se aprovada, representará R$ 168,4 milhões.
Há ainda a redução da alíquota patronal do INSS para 8% em Municípios de até 156 mil habitantes (PL 334/2023), a recomposição do ICMS (PLP 94/2023), com R$ 58,8 milhões aos cofres municipais, e o fim do voto de qualidade do Carf (PL 2384/2023), com potencial de injetar R$ 475,8 milhões no FPM, entre outros