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Em depoimento, homem dá nova versão para assassinato de corretora e assume caso extraconjugal

O homem de 38 anos preso por confessar o assassinato de uma corretora de imóveis, de 43 anos, em Campo Grande, declarou em depoimento prestado à Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher) que o real motivo do crime foi uma divergência amorosa. A informação foi divulgada nessa segunda-feira (27) pela investigação, em coletiva de imprensa.

A delegada Analu Ferraz, responsável pelo caso, disse que o depoimento do autor durou cerca de 1h30, com detalhes que comprovaram a frieza dele que, ao mesmo tempo, negou a intenção de matar a mulher.

Na sua versão, disse que conheceu a vítima em dezembro de 2023, quando buscava por um corretor para comprar uma casa para a sua mãe. “Após visitarem alguns imóveis juntos, marcaram encontro e passaram a ter uma relação amorosa”, disse a delegada.

Após a aproximação, ele pediu R$ 700 emprestado. “Ela deu o dinheiro, mas recebeu algum tempo depois. Porém, no dia do crime, ela foi até a casa dele, no bairro Jardim Centenário, para emprestar mais R$ 900”.

Foi nesse momento em que a vítima descobriu que o homem era casado e houve a discussão. Em dado momento, ele empurrou a mulher, que acabou caindo e batendo a cabeça em um vaso de concreto, ficando inconsciente e perdendo muito sangue”.

Ainda conforme a delegada contou, o autor ficou desesperado e sem saber o que fazer. “Diante disso, decidiu colocar o corpo no porta-malas do carro e descartar na região do Porto Seco”, revelou a investigadora, conforme a versão do homem.

Corpo de mulher é encontrado em matagal próximo ao Porto Seco de Campo Grande
Foto: Divulgação

A delegada disse que ele não pensou em chamar o socorro médico e tão pouco levar a vítima para a unidade de saúde, pois a sua mãe estava para chegar, juntamente com o seu filho, e precisava se livrar logo do corpo.

Depois que se desfez da vítima, o autor foi para casa e agiu normalmente. Ele limpou o veículo da corretora, que tinha manchas de sangue no porta-malas, e colocou um anúncio de venda nas redes sociais, mas tirou do ar ao ver a repercussão na mídia.

No dia seguinte, abandonou o carro no terreno de uma casa no bairro Indubrasil, próximo do local em que trabalha. Na sua versão, inocentou os dois homens que tinham sido detidos supostamente por receptação, dizendo que não os conhecia.

Mudou a versão

A versão é diferente da primeira apresentada por ele aos policiais do Batalhão de Choque da Polícia Militar (BPMChoque) na última sexta-feira (23), quando foi preso dirigindo um caminhão na Avenida João Arinos.

Na ocasião, revelou que tinha atraído a vítima para a sua residência e a convidado para darem um golpe no seguro do veículo dela, porém, a vítima recusou e isso motivou um desentendimento entre os dois.

Na casa, foram iniciadas as primeiras agressões. A mulher ficou desacordada, foi colocada no porta-malas do veículo e levada até a região próxima ao Porto Seco, onde sofreu uma segunda sessão de agressões e mais uma vez foi colocada no veículo.

Numa área menos movimentada, na rodovia estadual MS-455, o homem retirou a corretora do veículo e pela terceira vez a agrediu usando pedaços de madeira e pedras, ocasionando a sua morte. Nesta primeira versão, não confirmou ter relação amorosa com a vítima.

Outros detidos

Ainda conforme a DEAM, outro homem foi preso por receptação e por ter um mandado de prisão em aberto. No depoimento, confirmou que estava negociando a venda do carro da corretora. A esposa do autor, que tinha sido detida, já foi liberada e não tem envolvimento.

Ao longo da investigação, 10 pessoas foram ouvidas. O caso está sendo tratado como feminicídio e o inquérito segue aberto para comprovar a versão apresentada pelo autor ou encontrar outros envolvidos.

O caso

Corretora de imóveis foi morta ao negar participar de golpe contra seguradora de veículo
Movimentação policial na cena do crime (Foto: Redes Sociais)

O corpo da mulher foi encontrado na terça-feira (21) nas proximidades do Porto Seco de Campo Grande, situado na rodovia estadual MS-455, no macro anel rodoviário. Um grupo de seguranças estava realizando um treinamento quando avistou a vítima próxima de uma árvore.

Foram identificadas manchas de sangue no chão, sandálias arrebentadas e também uma corrente que podem ser da mulher. A perícia apontou que o rosto da vítima tinha marcas de violência, além disso, foi arrastado por cerca de 10 metros.

Ainda conforme a investigação, o corpo não estava rígido, o que indica que a morte foi pouco antes de o cadáver se encontrado. Há suspeita de estupro. Nenhum documento pessoal foi encontrado. A identificação aconteceu no dia seguinte, com a família fazendo o reconhecimento.

Até então, uma das linhas de investigação apontava para o envolvimento de ex-namorado da vítima, que chegou a ser detido em Ponta Porã na quarta-feira (22), mas foi solto ao provar que não estava nas proximidades do local em que o crime ocorreu.

As autoridades chegaram até ele ao ouvir o depoimento de uma amiga, que indicou que antes de ser encontrada morta a corretora disse que iria se encontrar com o ex-namorado para cobrar uma dívida de R$ 20 mil.

O corpo foi encontrado na tarde de terça-feira (21) no matagal próximo ao Porto Seco de Campo Grande, na rodovia estadual MS-455, com sinais de violência e luta corporal. Ela chegou a ser arrastada por 10 metros e morta por golpes na cabeça.

A perícia não identificou sinais de estupro. A vítima tinha muito sangramento, especialmente na cabeça. Imagens de câmeras de videomonitoramento estão sendo procuradas para tentar encontrar alguma pista.