Em audiência na Câmara, blocos e escolas pedem melhorias na estrutura para o Carnaval
Representantes das escolas de samba, cordões e blocos carnavalescos pediram, durante audiência nesta sexta-feira (31), melhorias na estrutura para o Carnaval de 2024. O debate foi proposto pelo vereador Valdir Gomes e convocado pela Comissão Permanente de Cultura da Casa de Leis, composta pelos vereadores Ronilço Guerreiro (presidente), Junior Coringa (vice-presidente), Beto Avelar, Professor Juari e Gilmar da Cruz.
“Propusemos essa audiência para conversar com as pessoas que fazem o Carnaval. A luta não é do vereador Valdir, mas das escolas de samba e da cultura. Não é momento de oposição. Os que estão aqui têm que fazer parte de uma comissão para poder voltarmos a realizar um excelente Carnaval em Campo Grande”, disse Valdir Gomes.
Os desfiles de Carnaval ocorrem na chamada Praça do Papa, que fica nas proximidades de um cemitério e não tem estrutura e iluminação adequadas. Já os blocos concentram-se na região da Esplanada Ferroviária e tem atraído bastante público. O vereador salientou a necessidade de retomar os concursos de fantasia e garantir que a estrutura melhor resulte em mais segurança para todos.
“Aqui, o Carnaval só não foi adiante, pois a Liga é sozinha. O Governo entrega, e a Liga que se vire. É um descaso com as escolas e com a Liga, com os cordões, que estão jogados. Não é uma audiência para criticar, mas tentar montar uma estrutura para o ano que vem. Fizemos essa audiência para saber a vontade de vocês”, completou o parlamentar.
Para o ex-presidente da Lienca (Liga das Entidades Carnavalescas de Campo Grande), Alan Coelho Catharinelli de Oliveira, a estrutura do Carnaval precisa ser melhorada. “Estamos naquele local desde 2011. Para nós, a Praça do Papa é um local adequado, mas precisa melhorar a estrutura. Estamos com a mesma estrutura desde 2011. Sugiro que a Liga e as escolas de samba relatem o que precisa ser feito, o que precisa ser melhorado, naquele espaço”, disse.
Ex-vice-presidente da Liga, Eduardo Souza Neto tem a mesma opinião. “Público nós temos, e nosso sacrifício é em respeito a esse público. A essa estrutura, precisamos ter qualidade. Essa audiência é oportuna. O nosso objetivo é sempre o aprimoramento. Tenho certeza que bons frutos serão colhidos”, acrescentou.
Poder público garante apoio – Presente no debate, o superintendente de Cultura da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo de Campo Grande, Roberto Figueiredo, afirmou o município tem feito sua parte na realização das festividades.
“Temos muito a crescer, principalmente na estrutura que temos, se formos continuar na Praça do Papa. Mas, tudo que foi solicitado, que deu tempo, e dentro da legalidade, foi atendido. Precisamos, sim, de muito mais. Colocar muito mais estrutura e queremos ouvi-los para que isso possa acontecer”, garantiu.
Representando a Fundação de Cultura do Estado, a presidente do Bloco Cordão, Silvana Valu, destacou a necessidade de se organizar o Carnaval com mais antecedência. “Precisamos organizar o Carnaval com mais antecedência. Esse ano, foi tudo realizado a toque de caixa e não houve tempo hábil para discutir o que era necessário. Mesmo assim, tentamos fazer, dentro do possível, o que deu para fazer. Estamos abertos a essa nova discussão”, disse.
Em sua fala, o deputado federal Beto Pereira parabenizou a iniciativa da Casa de Leis e destacou a necessidade de um planejamento não apenas para o próximo ano, mas para os carnavais seguintes.
“Precisamos de planejamento. Preciso hoje, muito mais do que falar, ouvir as pessoas, as reivindicações e buscar soluções. Parabenizo a iniciativa da Câmara, que convocou essa audiência com bastante antecedência. Precisamos criar uma comissão para dialogar com as autoridades competentes para que tenhamos planos de curto, médio e longo prazo para o Carnaval, tanto de escolas de samba, como de blocos”, afirmou.
Mais segurança – Em sua fala, o coronel Emerson Almeida Vicente, comandante do Policiamento Metropolitano de Campo Grande, garantiu que a Polícia Militar vai atuar para garantir a ordem e a segurança dos participantes da festa. “A PM não pode se eximir da responsabilidade de manter a ordem e a prevenção durante os festejos, dando condições mínimas para que as pessoas de bem possam estar nos eventos. A propositura da Polícia Militar é o planejamento com antecedência. Se planejar em cima da hora, talvez não tenhamos sucesso”, alertou.
Por outro lado, o Bispo Evaldo, representante das igrejas do entorno da Esplanada Ferroviária, alertou para a segurança dos foliões. Segundo ele, o espaço não comporta a quantidade de participantes. “Como colocar um Jaú dentro de uma lata de sardinha? Se não tivermos bom senso e formos firmes em relação ao local, em algum momento teremos uma tragédia em relação ao volume de pessoas em um local inadequado. Precisamos levar a sério algumas decisões”, disse.
Vereadores garantem apoio – Os parlamentares que participaram do debate garantiram total apoio às demandas dos representantes das escolas e blocos. Segundo o vereador Clodoilson Pires, há uma preocupação em relação ao local dos desfiles. “Temos que pensar em um local que se possa fazer um Carnaval e que agrade a todos”, afirmou.
Para o vereador Prof. André Luís, o Carnaval é uma indústria e reflete o trabalho de um ano inteiro. “Precisamos entender a cultura como um trabalho, e não como diversão. Traz problema? Traz, mas precisamos mitigar e controlar, ou nosso Carnaval não vai crescer. Estamos em uma Capital e poderíamos ter o maior Carnaval do Centro-Oeste. Isso agrega, é turismo. Enquanto a cidade está parada para descansar, ela está gerando riqueza. A cultura tem que ser tratada como se trata indústria e comércio”, sustentou.
Opinião parecida tem o vereador Ronilço Guerreiro, que secretariou a audiência. “Queremos que o Carnaval seja renda, seja indústria. Isso que fazemos aqui é fundamental para entendermos que o Carnaval gera riqueza. E saúde mental trabalha o que temos de melhor, que é a alegria. O Carnaval precisa ser valorizado, é a maior festa brasileira e é empreendedorismo”, disse.
Já o vereador Beto Avelar afirmou que a população é a principal interessada. “O interesse primordial do Carnaval é a população. Não vamos chegar em um denominador comum se não fizermos essa reunião e continuarmos esse debate. É muito importante e temos que aprofundar mais. Essa Comissão é importante. Não vamos conseguir agradar a todos, mas temos que colocar que a população é o principal interessado aqui”, afirmou.
Para o vereador Coronel Villasanti, é preciso pensar o Carnaval de Campo Grande para os próximos anos, com estudos de impacto ambiental e viário na cidade. “A família precisa participar desse evento. Temos que definir um espaço, isso é uma condição fundamental, com a construção de um sambódromo, além de realizar campanhas educativas e esclarecedoras”, anumerou.
Por fim, a vereadora Luiza Ribeiro destacou a importância do Carnaval na cultura de Campo Grande. “O Carnaval é um mobilizador das nossas energias. Isso é da nossa cultura, e o Carnaval nos move. Este ano, batemos recordes de presença. Temos que festejar e agradecer quem vai para a rua, quem organiza. É uma festa importante da nossa cidade. Tem ajustes para fazer, mas muitas das reivindicações têm sido atendidas também”, concluiu.