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Editorial da ironia: o transporte público de Campo Grande na visão da Agetran

José é um refém do sistema de transporte público de Campo Grande, sem carro, precisa pegar o ônibus todos os dias para ir ao local de trabalho no centro da cidade, distante alguns bons quilômetros de sua casa. Essa rotina não é nenhum desafio para este cidadão pagador de impostos, graças a eficiência que norteia as empresas que formam o Consórcio Guaicurus, pegar o coletivo é tão prazeroso que ele aproveita para tirar um cochilo nas poltronas almofadadas, com amplo espaço para esticar as canelas e ainda podendo se refrescar com o ar-condicionado.

Evidentemente, a soneca do nosso herói campo-grandense é curtíssima, já que os corredores exclusivos do transporte coletivo, existentes por todos os bairros desta moderna capital, funcionam tão perfeitamente que tornam qualquer itinerário veloz, fazendo quem mora na região das Moreninhas estar no bairro Nova Lima em questão de minutos. É impossível chegar atrasado ao seu compromisso ante tamanha agilidade. A qualidade deste serviço é tão gratificante, com ônibus novos que têm até internet via Wi-Fi, que todos da cidade deveriam utilizar, deixando seus carros para outras situações.

Após tomar o ônibus, José chega ao primeiro terminal, onde precisa descer para pegar outro itinerário. Enquanto espera – ainda que significativamente, pois são tantos ônibus disponíveis, especialmente nas linhas que cruzam a região central -, saboreia o salgado em um dos incontáveis empreendedores que alugam o espaço para montar suas lojas nos terminais, aliás, estar ali é o mesmo que ir à feira, encontrando de pães caseiros a eletrônicos. José também aproveita para ir ao banheiro, cujo ambiente é higienizado e climatizado. Não há do que reclamar!

Após pegar o segundo ônibus, o nosso personagem chega motivado para a sua rotina diária no trabalho, sem estar estressado com o passeio, já que não há turbulências; sem dores de cabeça, já que não há preocupações com o horário; e sem discussões com o motorista por fechar a porta enquanto alguém se preparava para descer ou por não parar no ponto após o passageiro puxar a cordinha. É indescritível a satisfação que o usuário tem ao pagar a simbólica tarifa de R$ 4,75 para desfrutar de um serviço público (terceirizado) tão gostoso como esse.