Editorial: A epidemia da desinformação afeta a educação em MS
Se compreendermos que a desinformação é um tipo de doença, não seria errado dizer que hoje Mato Grosso do Sul passa por uma epidemia. Isso porque ao longo dos últimos dias as redes sociais, o principal transmissor deste vírus maligno, conseguiram provocar um verdadeiro caos no sistema educacional e da segurança pública.
A disseminação das mensagens falsas apontando para possíveis ameaças terroristas e ataques em escolas deixou pais e responsáveis pelos estudantes perdidos na condução do que fazer: entre acreditar que tudo era uma brincadeira destes tempos modernos ou temer a veracidade e não colocar o filho em risco levando para a unidade de ensino.
Nessa quarta-feira (12), escolas e creches das cidades de Guia Lopes da Laguna e Bandeirantes não abriram para o público. Serão pelo menos três dias sem aulas em uma tentativa das Prefeituras de acalmar os pais, que estão desesperados por acreditarem que a qualquer momento um louco irá invadir o local e promover um tipo de massacre, como o ocorrido no último dia 05 em Blumenau (SC), o ponto-chave para toda a situação de medo que se vê agora.
Desde então, tudo passou a ser questionado e ideias de todos os tipos foram apresentadas nas mais diferentes escalas do Poder Público. Falou-se (fala-se) em instalar detectores de metais nas portas das escolas; fazer a revista de crianças e adolescentes no entrar do ambiente escolar; na presença fixa de um policial armado para garantir a paz; e muitas outras velhas conhecidas.
Pelas redes sociais, o mesmo canal onde estão as supostas ameaças, os pais dizem que não vão levar mais seus filhos para as escolas enquanto medidas de segurança não sejam adotadas. Ao mesmo tempo, não dão para si a responsabilidade de fiscalizar o conteúdo que os próprios compartilham, se é verdadeiro, falso, boato, notícia.
É a pandemia da desinformação, e quando se está numa condição epidemiológica quem deve fazer o controle da doença? Todos nós, enquanto cidadãos, temos que tomar as medidas cabíveis para prevenir o avanço do vírus, como foi feito nos tempos da Covid-19 e, mais recente, com a dengue. No caso da notícia falsa, a prevenção está em não compartilhar o que não é confiável, verídico, comprovado ou checado pelas agências de notícias reconhecidas.
Neste cenário da confusão, onde não sabemos mais quais sites são reais e quais são os falsos, se faz necessário a presença de um órgão para controlar a criação midiática. É inaceitável que qualquer pessoa possa criar um domínio na internet para publicar qualquer coisa que queira sem que haja uma fiscalização e punição.
O mesmo vale para perfis nas redes sociais, onde mais importante que o informar é o curtir e o compartilhar, deixando o conteúdo e todas as suas consequências no segundo plano. Os órgãos de segurança pública precisam estar atentos e fazer valer a punição para quem cria mensagens falsas, especialmente aquelas que colocam em risco a educação, como está ocorrendo agora.