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Dupla epidemia da dengue e vírus respiratório deixa a saúde da Capital um caos

Campo Grande está enfrentando uma epidemia de dengue e do vírus sincicial respiratório ao mesmo tempo e o resultado deste cenário caótico pôde ser visto ‘in loco’ pela população, que foi até as unidades de saúde ao longo desta segunda-feira (03) para buscar atendimento médico e sofreu com a lentidão e a aglomeração.

No caso do vírus sincicial respiratório (VSR), que é uma das principais causas de infecções das vias respiratórias e pulmões em recém-nascidos e crianças pequenas, a medicina explica que o vírus pode causar bronquiolite, que é a infecção dos brônquios, nos pequenos tubos respiratórios dos pulmões.

O vírus respiratório é transmitido de uma criança infectada pelas secreções do nariz ou da boca, por contato direto ou gotículas. O período de maior contágio é nos primeiros dias da infecção. O período de incubação de VSR varia de 2 a 8 dias, normalmente 4-6 dias. Epidemias anuais ocorrem durante o inverno e início da primavera.

Para ajudar a diminuir os casos, o secretário municipal de Saúde Pública, Sandro Benites, orientou que os pais de crianças pequenas, na faixa-etária dos zero aos 10 anos, façam uma espécie de quarentena pelos próximos dias e evitem de sair de casa. Além disso, ele recomendou que as famílias não recebam visitas e nem levem os bebês a locais com grande aglomeração.

O surto de doenças respiratórias e de dengue fez a demanda das unidades de saúde aumentar em mais de 30% ao longo dos últimos dias. “É importante ressaltar que nestas unidades existem pacientes nas enfermarias em atendimento ou aguardando vaga em um hospital, que precisam ser periodicamente assistidos pelas equipes”, disse a Sesau, em nota, ao ser questionada sobre a lotação das UPAs.

Com as unidades operando no limite da capacidade, a Secretaria de Saúde orienta que pais e responsáveis busquem as unidades de urgência somente em situações de maior gravidade. Quadros leves podem ser direcionados às unidades da Atenção Primária, evitando assim longas esperas por atendimento. Pelas redes sociais, pais e responsáveis por crianças têm relatado que o tempo de espera pelo atendimento médico passa das 8 horas, além disso, em muitos locais não há remédio nas farmácias públicas.

Santa Casa não vai mais receber pacientes

A Santa Casa de Campo Grande não está mais recebendo pacientes novos que são enviados pelo sistema de regulação. A decisão foi tomada nesta segunda-feira (03), conforme nota à imprensa, e leva em consideração o quadro de superlotação do estabelecimento hospitalar.

Na versão da Associação Beneficente de Campo Grande (ABCG), entidade que administra a Santa Casa, atualmente são 24 pacientes na área vermelha do pronto-socorro, cuja capacidade é de 6 leitos. Deste total, 20 estão aguardando vaga na UTI ou enfermaria, quatro deles estão intubados e realizando hemodiálise.

Já na chamada área verde são 43 pacientes, com espaço para apenas seis leitos, sendo que 28 destes estão internados aguardando vaga em outros setores do hospital. Na área pediátrica, 6 pacientes em estado graves estão recebendo atendimento na área vermelha, sendo que 5 deles estão intubados.

“Não temos condições de receber novos pacientes devido ao risco de desassistência. Destacamos que a Santa Casa de Campo Grande tem assumido o seu compromisso de prestar a assistência adequada aos pacientes, mas o cenário que vivemos hoje torna-se um risco iminente”, diz a nota.

Ainda segundo a direção hospitalar, a Secretaria Municipal de Saúde, o Conselho Regional de Medicina e o Ministério Público Estadual (MPMS) foram comunicados sobre a decisão. Procuradas pela reportagem, nenhum desses órgãos públicos se manifestou sobre o caso até a publicação.