Disputa pelo poder na Santa Casa solta faíscas. Será que vai pegar fogo?
A disputa por poder tem soltado faíscas na Associação Beneficente de Campo Grande (ABCG), entidade que há tempos administra o maior hospital público de Mato Grosso do Sul, a Santa Casa. Em ano de eleição para escolha da nova diretoria da entidade, o rompimento de laços entre os conselheiros resultou em denúncias graves contra a atual administração, comandada por Esacheu Nascimento. Os fatos expostos chamam por uma maior apuração por parte dos órgãos e poderes competentes.
As faíscas vieram após a divulgação de uma carta assinada pelos, agora ex-conselheiros e ex-associados da ABCG, Jesus Alfredo Sulzer, então vice-presidente, e Wilson Levi Teslenco, ex-presidente, na qual pontuam a falta de transparência dos processos executados pela ABCG, acusam a instituição de prática de nepotismo, contas que não são devidamente fiscalizadas, excesso de contratação de colaboradores, valor real das dívidas e o uso de recursos de doações que seriam para o aprimoramento do hospital, mas bancaram outras benfeitorias.
Pelas redes sociais, Esacheu comentou as denúncias dos ex-conselheiros e criticou o ato, defendendo o hospital e a entidade. “A Santa Casa É uma Instituição Idônea e não merece ser difamada de forma irresponsável mesmo por quem esteja aninhado como associado. Na forma do seu Estatuto e obedecendo o devido processo legal será expulso quem assim procedeu.”, postou ele, já sinalizando a expulsão dos membros.
Santa Casa é um cofre negro
Os problemas na ABCG sempre existiram, especialmente no que diz respeito à verba pública por eles recebidas via repasses do Governo do Estado, Secretaria Municipal de Saúde (Sesau) e do Ministério da Saúde. Paralisações e ameaças de greves dos funcionários são constantes na Santa Casa, quase sempre devido ao não pagamento dos salários em dia, e a desculpa, ou justificativa dada pela entidade mantedora é sempre de que há atrasos nos repasses. Não há controle de gastos ou planejamento para evitar transtornos deste tipo.
A verdade é que a ABCG tornou-se um escritório de pessoas ligadas a políticos e partidos. A começar pelo presidente Esacheu Nascimento, que já foi presidente estadual do PMDB. Aliás, o envolvimento de políticos faz da Santa Casa de Campo Grande um perigoso ‘cofre negro’, repleto de segredos e que nenhuma autoridade ousa abrir, muito menos a Câmara Municipal e a Assembleia Legislativa, que na prática deveriam ser os primeiros a investigar os fatos.
O rompimento dos conselheiros é apenas um aperitivo do que ainda está por vir, já que em novembro deste ano acontece a eleição para nova diretoria da ABCG. Com o fracasso de certos partidos nas eleições de 2018, o comando do maior hospital público do Estado passa a ser de fundamental importância. Essas foram apenas as primeiras faíscas, as próximas podem provocar um grande incêndio neste matagal verde e virgem.