Dia do Voluntariado reforça a importância de doar o seu tempo para quem precisa de auxílio

Nas adversidades do mundo, a realidade de outro pode ser totalmente diferente da sua. Enquanto goza de uma zona de conforto, com todas as necessidades disponíveis ao seu redor, existem aqueles que enfrentam a carência do mais básico, passam por dificuldades e muitas vezes dependem da ajuda de quem tem para sobreviver. Esse confronto de universos é um choque que só quem se dedica ao voluntariado é capaz de descrever.

Nesta quinta-feira (05), é celebrado o Dia Mundial do Voluntariado, uma prática que consiste em doar tempo, habilidades e energia para ajudar pessoas ou causas sociais sem remuneração. Seja realizado por meio de organizações sociais, empresas, igrejas, grupos de jovens e amigos ou mesmo de forma individual, o ato é a vivência real da caridade, ganhando pelo serviço prestado somente o sorrido e o agradecimento de quem foi ajudado.

“Acredito que o voluntariado transforma o ser humano. Quando nos abrimos a essas experiências, percebemos outras realidades e desafios, como o fato de que um terço da humanidade não faz três refeições por dia ou não tem acesso à água potável. Essas experiências ampliam nossas perspectivas e nos ajudam a valorizar o que temos”, comenta a médica Dra. Isabelle Carolina Basualdo Pedreira.

Com uma trajetória marcada por ações sociais no Pantanal Sul-Mato-Grossense e em países de extrema precariedade, como Guiné-Bissau e Benim, onde residiu por um ano, Isabelle conta que preciso reaprender muitas coisas durante as experiências no serviço voluntariado, especialmente a linguagem de afeto, que varia entre as culturas. “Lá, um abraço não é interpretado como demonstração de carinho, mas isso não significa ausência de amor ou gratidão”, contou.

A doutora, que atualmente trabalha na cidade de Dourados, acredita que o voluntariado ensina a aceitar as limitações humanas e a focar na redução do sofrimento. “Hoje, vejo meu trabalho como uma forma de minimizar os danos, trazer felicidade e aliviar o fardo das pessoas. Isso vale para todas as relações humanas. Quando entendemos as limitações do outro, evitamos frustrações e cultivamos empatia”.

Em Campo Grande, outro exemplo de trabalho voluntário são dos membros da Sociedade São Vicente de Paulo (SSVP), organização ligada a Igreja Católica com atuação em quase todos os países do mundo. Na Paróquia São Pedro Apóstolo, no bairro Coronel Antonino, a consocia Vanessa Ramos dedica parte do seu final de semana para atender famílias carentes com os demais integrantes da Conferência São Domingos Sávio.

Atualmente, são 17 famílias atendidas na região norte da cidade, entre esses estão pessoas acamadas, idosos e desempregados. “O objetivo é sempre buscar pela promoção do assistido, atuando para que ele possa sair daquela condição que está para ter uma vida próspera. É claro que existem casos onde a ajuda é longa, como uma família que tem uma pessoa acamada, sem filhos, e que dependem totalmente da nossa ajuda”, contou.

Para ela, poder ajudar famílias carentes, em situação de vulnerabilidade, é importante para o lado emocional próprio. “Muitas vezes nós reclamamos de alguma situação negativa que acontece no nosso dia a dia e, quando deparamos com a realidade de outras pessoas, conseguimos compreender que a nossa necessidade não é nada perto da enfrentada por eles. Aprendemos a dar valor na nossa vida e naquilo que temos”, comentou.

No Brasil, o trabalho voluntário cresceu em todas as regiões entre 2019 e 2022, com destaque para o Centro-Oeste. Essa prática, além de beneficiar a sociedade, oferece habilidades valorizadas pelo mercado de trabalho, como empatia, liderança e capacidade de resolver problemas. Em tempos de redes sociais, onde todos têm pressa ou estão sempre ocupados com outras coisas, doar tempo é algo mais precioso que o próprio dinheiro.