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Delegado-geral da Polícia Civil de MS pede dispensa após se envolver em ocorrência polêmica em Campo Grande

Em meio aos escândalos de uma tumultuada ocorrência policial, o delegado de polícia  civil Adriano Garcia Geraldo pediu nesta sexta-feira (18) a dispensa do cargo de delegado-geral da Polícia Civil de Mato Grosso do Sul. Uma carta nesse sentido foi enviada ao governador Reinaldo Azambuja (PSDB) e publicada no site oficial do Governo do Estado.

Na carta, o delegado justificativa o pedido de afastamento do cargo “por questões de cunho pessoal e familiar” e que os “motivos que ensejaram a presente tomada de decisão serão esclarecidos pessoalmente em momento oportuno”.

http://www.ms.gov.br/wp-content/uploads/sites/150/2022/02/doc03134720220218205845.pdf

Adriano Garcia estava na função de Delegado-Geral da Polícia Civil de Mato Grosso do Sul desde fevereiro de 2021.

O caso

Adriano protagonizou uma ocorrência sem explicação coerente até o presente momento. Na noite de quarta-feira (16), ele perseguiu um veículo dirigido por uma estudante de 24 anos no centro da cidade, efetuou disparos de arma de fogo contra o carro até que forçou a parada da motorista no estacionamento de um comércio.

A estudante foi presa por desacato, esteve na sede da Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário (Depac) do Centro, onde assinou um termo de responsabilidade e foi solta.

No depoimento dela, alegou que seguia pela Avenida Mato Grosso, no sentido ao Shopping Campo Grande, quando parou em um semáforo e acabou afogando o veículo. O carro que estava atrás então passou a buzinar persistentemente e ela, em reação, mostrou o dedo do meio para o motorista, que em seguida passou a prossegui-la.

Ela também declarou não ter deduzido que pudesse ser um policial até porque a viatura estava descaracterizada. A fuga, segundo a estudante, foi porque ficou com medo de ser algum roubo ou coisa parecida.

Na versão de Adriano Garcia, a mulher teria fechado ele. O delegado buzinou para chamar a atenção da motorista, que respondeu com gestos obscenos.

Na sequência, passou a perseguir o carro com sinais luminosos e ordenando que parasse para uma abordagem. No entanto, a estudante fugiu até ser forçada a parar em frente a uma padaria, na Avenida Mato Grosso.

Ainda de acordo com o delegado, ao parar, ele teria pedido para que a condutora descesse do carro, o que não aconteceu. A motorista tentou uma manobra para fugir novamente e o delegado-geral atirou duas vezes contra os pneus do veículo, mas ela conseguiu fugir.

Adriano a perseguiu novamente e atirou mais uma vez contra o pneu, mesmo assim ela conseguiu fazer um retorno subindo no canteiro central da avenida.

Segundo Adriano Garcia, ele agiu ao perceber que a condutora dirigia perigosamente e atirou nos pneus na tentativa de parar o veículo. Ele também contou que a mulher ficou aproximadamente 1h dentro do veículo até a chegada de uma equipe da Polícia Militar.

Toda a ação teria sido filmada por uma câmera do tipo “GoPro” que estava no interior do veículo da jovem, com a parte da frente do citado equipamento voltada para a via pública.

Ainda segundo a Polícia Civil, a condutora teria tentado engolir um chip que estava no interior do equipamento. A mulher chegou a negar a ação, mas em seguida entregou o chip por meio de seu advogado, na delegacia. Peritos tentam recuperar o material para ter acesso as imagens.

De acordo com o delegado responsável pelo caso Antônio Ribas Junior, a mulher deve responder por desobediência de ordem policial e perigo para a vida de outros. Todos os envolvidos prestaram depoimento para equipe de plantão e o boletim de ocorrência foi registrado para investigar o caso.

O MPMS, em nota, informou que através do Grupo de Atuação Especial de Controle Externo da Atividade Policial (GACEP) abriu procedimento para acompanhar a investigação que envolve o delegado-geral. O MPMS ficará responsável pelas investigação vai apurar se houve algum tipo de excesso na abordagem e, se necessário, ouvir testemunhas para compor a investigação.

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