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Criação de residencial popular no antigo Hotel Campo Grande gera discussões nas redes sociais

O projeto da Prefeitura Municipal que pretende transformar o antigo Hotel Campo Grande, no centro da cidade, em um condomínio residencial popular vem proporcionando debates acalorados nas redes sociais. O mais intenso destes aconteceu no final da manhã desta quarta-feira (21) e envolveu o diretor-presidente da Empresa Municipal de Habitação (EMHA), Enéas Netto, que chegou até mesmo a ameaçar processar o autor de um comentário crítico à iniciativa.

Durante o desenrolar da discussão, Netto elenca uma série de pontos sobre a proposta, datada de 2018 mas só agora tornada público pelo Município, que esteve em Brasília (DF) para apresentar a minuta e conseguir o recurso para a obra, orçada em incríveis R$ 38 milhões, sendo R$ 14 milhões destes unicamente para a desapropriação do prédio, localizado na Rua 13 de Maio.

Na explicação postada pelo diretor-presidente da EMHA, a proposta do Município visa “instituir um conceito de reurbanizar áreas centrais” para “que não se tornem centros como o de São Paulo”. Enéas citou que a ideia é “desperiferizar conjuntos habitacionais e reocupar os grandes centros” e que “não se trata única e exclusivamente de moradia, isso irá melhorar o comércio local, mobilidade urbana e uma gama de outros aspectos”.

Contra as críticas que apontam que a transformação do antigo hotel em moradia popular faria com que o prédio se tornasse um grande ‘cortiço’, Enéas afirmou que o local não será uma “favela verticalizado”. “O projeto traz no seu corpo que a parte de baixo (térreo) irá acolher um equipamento comunitário (a priori pensamos em um braço da central de atendimento ao cidadão) e na parte do sobre térreo vislumbramos encaixar a base do centro da guarda civil municipal – exatamente porque ESTUDAMOS E NÃO QUEREMOS A POSSIBILIDADE DE SE TORNAR UM “cortiço” como muitos disseram… agregar serviço público a moradia ajudaria na ordem”, postou ele, na discussão.

Netto também colocou que os beneficiados com a futura instalação popular no prédio deverão atender a faixa 1 do programa ‘Minha Casa, Minha Vida’, do Governo Federal, ou a Prefeitura pode, também, destinar as unidades ao chamado ‘alugo social’ ou ainda destinar aos idosos. Em seguida, afirmou que o valor de cada apartamento será alto. “O valor das unidades é óbvio que sairá mais caro, pois consiste em reforma, e se não fizer assim não há como dar uma destinação aquele prédio”.

Na mesma postagem, o diretor-presidente da EMHA afirmou que não há como transformar o antigo Hotel Campo Grande em um hospital municipal.  “A arquitetura não permite que seja adequada nos moldes exigidos para um hospital. (…) O recurso só é para essa finalidade é vai de encontro a obra do reviva centro”.

Diretor-presidente da EMHA, Enéas Netto, e o prefeito Marcos Trad (Foto: Facebook/Reprodução)

Após a explicação sobre o projeto, Enéas Netto passou a atacar a pessoa de Adaltro Albineli, autor do comentário crítico que proporcionou toda a calorosa discussão. Após ameaçar processá-lo, o diretor da EMHA pontou: “O senhor vive de ataques, um homem cristão, militar e com princípios deveria aprender a respeitar as pessoas e a criticar com propriedades… pergunte a senador Delcidio da minha história na pasta… eu entro pela porta da frente e saio pela porta da frente de qualquer lugar, assim como tenho noites de sono em paz, pois o meu trabalho fala por mim e não preciso me valer de “NEGOCIATAS” para nada… até hoje moro de aluguel senhor Adaltro, sou pai de família e prezo por respeito… senhor vai arcar com esse absurdo que o senhor publicou, fica atrás de telas em redes sociais provocando ataques e colocando em xeque a índole de um homem de bem! Respeite meu trabalho, meus projetos e as famílias que podem ser atendidas se o projeto for aprovado!”.

Albineli, que em nenhum momento na sua crítica citou o nome de qualquer gestor, respondeu, emendando: “não me referi em nenhum momento ao seu nome, fiz uma crítica enquanto cidadão e contribuinte a gestão municipal sobre a aquisição de imóveis particular para destinar a moradia popular. Não me ameace e nem tente cercear minha liberdade de expressão”.

Neto respondeu assumindo ser o autor do projeto de transformação do antigo hotel em moradia popular. “O gestor e quem colocou o projeto fui eu… logo sua fala está linkada a minha imagem… preste atenção!”.

O projeto

O novo Hotel Campo Grande, de acordo com o projeto da Prefeitura (Foto: Reprodução maquete eletrônica)

A proposta em pauta prevê que o antigo Hotel Campo Grande seja transformado num condomínio de habitação popular. Há  alguns dias, o prefeito Marcos Trad esteve em Brasília para tentar viabilizar junto ao Ministério do Desenvolvimento Regional recursos federais para custear a reforma, na ordem de R$ 38 milhões.

Com 260 aposentos, munidos de um quarto e banheiro cada, a Prefeitura quer construir 117 apartamentos de até 40 metros quadrados, aproveitando a estrutura do prédio erguido na década de 70 pelo pecuarista Laucídio Martins Coelho e que já fora um dos mais luxuosos hotéis de Mato Grosso (Uno) e Mato Grosso do Sul.

É bom citar que, segundo os familiares e atuais proprietários do imóvel, o antigo Hotel Campo Grande não está abandonado, inclusive, possui sistema de alarme contra invasões e é periodicamente limpo, além de ter o espaço térreo alugado para o comércio. Agora, conforme Marcos Trad, se o projeto não for aprovado o prédio poderá ser implodido.