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Consórcio Guaicurus alega falta de dinheiro em caixa e cobra Prefeitura quanto ao reajuste da tarifa do ônibus

Mais uma vez os usuários do transporte público de Campo Grande acompanham, via imprensa, a queda de braço entre a administração do Consórcio Guaicurus e a Prefeitura Municipal quanto ao reajuste da tarifa, que hoje está em magníficos R$ 4,65. É uma história tão longa que não devemos mais chamar de novela e sim de uma autêntica série televisiva, com incontáveis temporadas e nenhum desfecho agradável ao real beneficiário.

No cenário atual, o coletivo de empresas de viação que opera o serviço público (porém, pago!) sustenta não ter condições de pagar o adiantamento salarial do mês de janeiro para os motoristas devido a falta de recursos em caixa. A segunda parcela do 13º salário foi quitada na data limite de ontem (20), conforme informou nessa quinta-feira (21) o diretor operacional do Consórcio Guaicurus, Paulo Victor, em coletiva de imprensa.

Aos microfones que o cercavam, o representante do grupo acusou a Prefeitura de ter um déficit na ordem impressionante de R$ 10 milhões. “R$ 10 milhões é o déficit da tarifa do último ano, referente a outubro de 2022 até o mesmo mês de 2023. Nós estamos vivendo um momento que a gente não está conseguindo pagar o salário”, declarou, ao cobrar pelo urgente reajuste da tarifa atual.

Na ocasião, Paulo Victor descartou a possibilidade de uma nova greve dos motoristas – nova, pois em janeiro do corrente ano a cidade foi surpreendida pela paralisação da categoria. “Ontem nos reunimos com o sindicato, conversamos, mostramos que não seria possível o pagamento do adiantamento salarial. Estamos trabalhando para que não ocorra isso, para que a gente consiga fazer esse pagamento, ainda falta um aporte de subsídio”.

Ao mesmo tempo, ele afirmou que não haverá a renovação da atual frota de ônibus. Neste ano, foram adquiridos apenas 71 novos coletivos, o que representa nanicos 15% da frota atual composta por 450 ônibus. São 111 veículos com o prazo de validade de 10 anos já vencido, porém, que ainda estão circulando por toda a Campo Grande.

Ainda na coletiva, o diretor do Consórcio Guaicurus criticou o atual sistema da gratuidade aos estudantes, reforçando que quem acaba pagando mais é o usuário comum. “A gratuidade do estudante não tem caráter social, é para todo mundo, independente de precisar ou não. E isso, sem dúvida nenhuma, impacta, acaba encarecendo o transporte do profissional liberal, da faxineira, que tem uma condição, às vezes, social muito menor”.

Paulo Victor reforçou também que a tarifa técnica deveria ser reajustada dos atuais R$ 5,95 para, pelo menos, R$ 7,79. Esse, no entanto, não é o valor pago pelo usuário por conta das isenções de impostos, como o Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISSQN). “Caso a tarifa seja reajustada pelo pedido pela empresa, o valor da passagem seria de R$ 6,49, em termos brutos”, detalhou.

A expectativa é que o novo valor do passe de onibus seja definido e aplicado somente no início do próximo ano. Na última terça-feira (19), as partes estiveram sentadas em uma audiência para debater esse reajuste tarifário, mas nenhum acordo foi firmado. A expectativa aponta que o novo preço da passagem não ultrapasse a casa dos R$ 4,80, o que resultaria em R$ 9,60 por dia, levando em consideração a ida e a volta.